A princípio considero que a quantificação de qualquer atributo do que quer que seja é sempre um ganho em informação. Além disso, estudos abrangentes e aprofundados podem levar à construção de modelos matemáticos descritivos das realidades sociais, econômicas, psíquicas e todas elas, da mesma forma que se faz com as astronômicas, geológicas, físicas, químicas, biológicas e as outras naturais. Mas é preciso atentar para alguns requisitos primordiais. Para começar há que se investigar a forma mais adequada de quantificar as variáveis, de modo a assegurar a correspondência biunívoca entre o valor da grandeza e a propriedade que ela está descrevendo. Muitas vezes a propriedade é multidimensional e não tem variação linear. Isto tem que ser levado em consideração no modelamento por meio de vetores ou matrizes e na escolha judiciosa da função descritora, que pode envolver logaritmos, por exemplo. A seguir há que se fazer propostas de relações matemáticas entre as variáveis, a partir de levantamentos de campo procedidos, quanto mais extensos melhor. Nisso há que se levar em conta toda a multiplicidade de fatores envolvidos, como localização geográfica, estrato social, variação étnica, gênero, nível cultural, nível econômico, religião. Todos esses fatores têm que ser considerados de forma quantificada. A tentação de simplificação tem que ser corajosamente evitada, pois a simplicidade não é a norma nem da natureza, muito menos da sociedade. Complexidade é, pois, a única abordagem que pode levar ao modelamento mais próximo da fidelidade. Aí está um tipo de problema. É preciso se ter pessoal com bom trânsito tanto na ciência humana em questão quanto em matemática, e eu digo matemática avançada e não a trivial do ensino médio. Isto é um obstáculo que os cientistas sociais têm que transpor. E matemáticos têm que se acostumar com a extrema complexidade das variáveis inclusas na descrição dos fenômenos sociais. Isto não é impossível, é altamente desejável e pode ser feito. Mas não é fácil. O ganho é altamente compensador em termos de previsibilidade. Trata-se, contudo, de um longo caminho a trilhar, eu digo de muitas décadas. A meteorologia, por exemplo, que é uma ciência natural, menos complexa do que a sociologia, ainda não tem um grau de confiabilidade satisfatória, face ao grande número de variáveis envolvidas. Não se pode, todavia, esmorecer. Os louros só serão colhidos daqui a algumas gerações.
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