A propriedade, mesmo que eu a considere um estorvo, não é necessariamente um roubo, desde que tenha sido obtida de forma legítima. Mesmo os Sem-terra, não abdicam de seus pertences em favor de toda a comunidade. Isto requer uma grau de educação e desprendimento muito elevado. O que a maioria dos Sem-terra quer não é a abolição da propriedade mas sim a tomada da propriedade dos fazendeiros para eles. Este é um problema do comunismo. Mesmo que ele seja idealista, seus seguidores fazem uso desse ideal para proveito próprio e não são, em sua filosofia de vida, verdadeiros comunistas, pois não abrem mão de sua propriedade para todos. De fato, a questão fundiária é extremamente desequilibrada em favor dos detentores do poder econômico que, por sua vez, é proveniente do poder bélico. Então, se fizermos uma regressão histórica, veremos que a propriedade, no início, surgiu do roubo. Nas culturas primitivas não há propriedade. Quando se começou uma organização política, o poder de mando surgiu da força, mesmo que, em alguns casos tenha provido de uma delegação de todos. Mas a civilização acabou surgindo de forma autoritária. Sem dúvida é preciso que seja feito um acerto nessa questão, pois não é justo que grandes latifundiários tenham terras não cultivadas enquanto muitos passam fome por não ter onde plantar. Só que não é tão simples, pois há os aproveitadores que se fazem de Sem-terra para obter terra e depois vender. A corrupção existe de ambos os lados. Nem todos os fazendeiros são demônios nem todos os sem terra são anjos. E vice-versa.
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