Ser racional não significa ser quantificado. Juízos qualitativos também são racionais. E nem racional é sinônimo de objetivo. Racional significa que seja apreciado pela razão. Juízos subjetivos também podem ser racionais. As avaliações de valor, qualquer que seja o seu objeto, são ponderadas pela razão, mesmo que envolvam emoções. No caso da beleza, a apreciação se dá em função de um valor estético que é extraído de um cotejo pensado entre tudo o que a pessoa já apreciou na vida e o que está apreciando agora. Então ela julga se é mais ou menos bonito ou feio. É claro que a apreciação da forma provoca emoção e esta advém da beleza. Mas a emoção estética ocorre num segundo momento, depois que a mente já fez o julgamento de valor estético. Quanto ao amor, todo ele acontece em um plano puramente emocional. Não se ama ou deixa de amar porque se conclui que assim se deve proceder. O sentimento, que é uma elaboração mais sofisticada em cima da emoção, surge em virtude de uma série de percepções que se dá com relação ao objeto do amor, algumas até podendo ser racionais. Mas o amor não advém de nenhuma conclusão racional e, até, pode mesmo contrariá-las. O amor, contudo, não faz com que algo feio seja considerado belo, mesmo que se torne desejável, apesar da feiura. Quem ama o feio, sabe que é feio e o ama mesmo assim.
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