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segunda-feira, 20 de agosto de 2012
E quanto à 'Religião da Humanidade' ou 'Religião Positivista', criada por Augusto Comte. Qual a sua opinião?
Não acho válido nenhuma religião, seja qual for. O problema é que as religiões tolhem o livre pensamento e engessam a mente em um padrão rígido de convicções e condutas. Isso é muito mau. Mesmo que a proposta conceitual de Augusto Comte fosse válida (e eu tenho algumas restrições), colocá-la na forma de uma religião é uma temeridade. É preciso se estar sempre aberto a todas as possibilidades com um senso cético, inclusive em relação ao próprio ceticismo. Quase todo filósofo julga que sua proposta seja a definitiva. Mas sempre tem um novo que faz uma nova proposta para derrubar a anterior. Para mim o que vale é considerar que nada é definitivo. Nenhuma doutrina é dona da verdade. Ela tem que ser sempre buscada, mas nunca se consegue saber se já se a encontrou. Então se aceita o que se pensa ser a verdade como tal, provisoriamente, ciente disso. Não se pode congelar nenhuma doutrina. E é isso que as religiões fazem. Por isso são más, aprioristicamente, não importa o quanto de bem elas possam fazer. Todo o bem que porventura alguma religião seja capaz de fazer, e elas o fazem, pode ser feito melhor ainda sem elas. E sem outros tipos de instituições similares, como maçonaria, rosacrucismo, partidos políticos, clubes de serviço e outros que tais.
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