terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Você chegou a fazer menção em respostas anteriores ao budismo e a teologia islâmica. Você parece ser a favor da poligamia, mas isso por causa do islamismo? Já considerou nas religiões alguma ideia filosófica válida, que pelo seu crivo tornou-se mais refinada, isenta do dogmatismo e apta a todos?

O que eu prefiro no Islã em relação ao Cristianismo é a sua concepção teológica de um deus realmente único, sem pluripersonalidade. E nada de pecado original nem redenção. De resto, inclusive sua moral, para mim, o Islã é pior do que o Cristianismo. Isso em comparação, pois, em verdade, para mim, nenhuma religião é válida e nem eu acho que exista deus nenhum. Quanto ao budismo, o que eu aprecio é sua postura de compaixão, solidariedade, altruísmo. Mas não aceito nada de karma e sansara e, muito menos, que a extinção do desejo seja o remédio para o sofrimento.
A respeito da poligamia, minha posição não é a islâmica, é a anarquista. Esta considera tanto a poliginia quanto a poliandria e não faz limitação ao número de envolvidos. Porque não condiciona nenhuma união ao aspecto econômico. Também é uma concepção eudemonista e epicurista. Claro que é válida para toda a humanidade. Mas é preciso se libertar dos dogmas religiosos e das convenções sociais. Bem como da vinculação econômica das relações conjugais. Trata-se de uma postura maximizante da felicidade, uma vez que admite a realidade dos amores plurais e concebe a família como um grupo mais amplo de pessoas que se unem para suporte mútuo e compartilhamento de responsabilidades, da companhia, dos cuidados com a prole e da fruição do prazer de amar. Certamente que tem que ser acompanhada de uma cosmovisão totalmente desprendida de qualquer sentimento de posse e de ciúme. Uma concepção totalmente altruísta de se amar.

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