A pergunta:
Acredito que a demanda das coisas existentes pode ser suprida por uma oferta superior a ela, anulando qualquer tipo de competição no sistema. No entanto, pode ocorrer esta seguinte situação: duas pessoas se perdem em um deserto e não conseguem sair de lá, estão com muita sede e há apenas uma garrafa d'água. Ocorreria aqui um impulso emocional em virtude da baixa oferta, o alto desejo pela água poderia despertar competição entre os indivíduos. Uma outra situação: duas mulheres, uma feia e outra bela, tanto a feia quanto a bela sentem atração por um determinado homem, porque este apresenta características interessantes à elas, tanto físicas quanto intelectuais. Esse homem, entretanto, é apenas um, enquanto elas são duas, poderia, portanto, ocorrer um tipo de competição que poderia se agravar com o tempo. A competição levaria às duas ao estado de stress, o stress poderia afetar o estado emocional delas a ponto de provocar danos ao ambiente, gerando uma cadeia de caos social. Para que esse caos não aumentasse, seria necessário impor um controle sobre as duas mulheres, ou algum tipo de repressão sobre elas, algum tipo de manipulação psicológica para que elas mantessem estáveis e indiferentes o tal homem a qual competiam.
A resposta:
Certamente que, no caso de escassez, o espírito competitivo ressurgiria. Por isso, um dos objetivos do anarquismo, e para isto ele é muito bom, é garantir a prosperidade, com uma oferta farta de todos os bens. Isto se consegue, exatamente, com a racionalização e a economia propiciadas pelo modo coletivista de produção e distribuição, suprimindo o individualismo. Quanto às duas mulheres, isto não seria um problema no anarquismo, onde o amor e o sexo não são exclusivistas. Todo homem é homem de qualquer mulher e toda mulher e mulher de qualquer homem. Certamente, de forma consentida por todos os envolvidos. Não há necessidade de se ter um parceiro exclusivo. O amor é naturalmente plurívoco. A monogamia é uma situação artificial instituída por razões econômicas. Numa sociedade em que tudo é de todos e nada é de ninguém, o provimento da vida não depende de uma relação marital exclusivista. Isto também é uma das grandes vantagens do anarquismo, por eliminar uma das maiores fontes de infelicidade para as pessoas. As duas mulheres não precisariam ser indiferentes ao homem que querem e nem disputá-lo. Elas poderiam compartilhá-lo, tranquilamente. Note que isto não seria nenhuma imoralidade, pois a moral anarquista é assim. E não seria nada anti-ético, pois não está se prejudicando a ninguém. A moral cristã e de várias outras culturas, que condena o poliamor, é que não é ética, já que é fonte de sofrimento. O sofrimento de uma pessoa por seu parceiro ter outra relação não é por causa da perda da exclusividade amorosa, mas por causa da traição (mentira) e por causa da perda da exclusividade econômica. Se esses fatores não existirem, isto é, se o poliamorismo for consensual e se a situação econômica não depender da exclusividade conjugal, não há motivo de sofrimento por não se ter exclusividade no amor. Amor, quanto mais disseminado for, melhor.
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sábado, 16 de julho de 2011
Professor, minha pergunta não cabe neste campo de texto, coloquei ela neste link http://shorttext.com/iDmrWs
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