domingo, 9 de outubro de 2011

Aquilo que o sexo tem de intenso, também tem de efêmero?

Não necessariamente. É uma questão de modo de encarar o sexo. Se se encarar o orgasmo como o objetivo do sexo e levar o encadeamento de todas as preliminares para a consecução desse fim, então, uma vez obtido, há uma grande frustração. Mas esta é uma visão comezinha do sexo. O objetivo do sexo, como o ato mais sublime do prazer amoroso em um amor que envolva philia, eros e agape, está, justamente, na tensão preliminar ao orgasmo. Quanto mais prolongada ela for, maior o prazer que se tem, pois, enquanto isso, podem se associar as miríades de sensações dos múltiplos sentidos, num processo de entrega e fruição, em ondas de excitação e suavidade alternadas, pelo tempo que se julgar desejável. É disso que trata o "sexo tântrico", habilidade que não é privilégio de praticantes de yoga nem hinduístas, mas que pode ser desenvolvida por qualquer casal que a tanto se empenhe com dedicação e devoção ao prazer mútuo. Assim, como a mulher, até o homem pode ter orgasmos múltiplos, sem ejaculação, deixando-a para o fechamento que funciona como a "coda" de uma sinfonia em que os diversos temas foram expostos, desenvolvidos e re-expostos à sofreguidão. Num intercurso amoroso de tal intensidade, todos os pudores têm que ser abandonados e se tem que esquecer do mundo e de qualquer responsabilidade, fazendo-se de criança, mas com uma inocência maliciosa. Suavidade alterna-se com vigor, sem contudo provocar dor nem desprazer e nem se forçar nada que não seja consentido. Se os envolvidos, além da sintonia sexual, também curtirem o verdadeiro amor, não há, na face da Terra, momento mais glorioso do que esse. Com intensidade e sem efemeridade.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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