quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Qual o sentido do dinheiro?

Primordialmente servir como meio de troca nas transações. Na economia monetária os bens, produtos e serviços, que são as verdadeiras entidades econômicas, são associados a valores monetários, como custo e preço, sendo a diferença o lucro. A economia monetária é uma economia contábil e essa contabilidade é feita em termos desses valores atribuídos. A princípio estaria tudo correto se os valores fossem atribuídos de forma justa e honesta, em adequação, principalmente, ao esforço produtivo, ao volume dos insumos utilizados e a uma margem de lucro satisfatória e razoável para valorizar o risco e o empenho na produção ou na prestação de serviço. O que estraga o sistema e provoca uma série de mazelas é a ganância de se estabelecer para o preço, valores acima do razoável e justo, onerando a cadeia de custos e preços até o valor para o consumidor final. Nesse sistema acontece de, historicamente, certas pessoas passarem, por várias razões, algumas honestas outras não, a serem detentoras de grande quantidade de dinheiro que, então, aplicam no estabelecimento de empresas que venham a se dedicar à produção ou à prestação de serviços. Esse dinheiro, quando assim usado, denomina-se capital. Mas produtos e serviços requerem trabalho humano e o detentor do capital, sozinho, não é capaz de produzi-lo na quantidade suficiente para que esse capital produza algum rendimento. Então ele recorre ao trabalho remunerado de outras pessoas. Temos assim a relação capital-trabalho, típica da sociedade capitalista. Isto é ruim? Sim e não. Como nem todos tiveram a oportunidade de amealhar capital, ou ganhá-lo de herança, vender o trabalho é um modo legítimo de ter dinheiro para prover o seu sustento e, até, conseguir fazer algum capital. O que é ruim é que, não sendo todo mundo bom e honesto, os patrões vão querer diminuir os custos com o trabalho e aumentar os preços dos produtos para ter mais lucros e aumentar seu capital, para investi-lo e auferir mais renda, ou, simplesmente, para gastar o dinheiro para seu deleite pessoal. Preços maiores farão os consumidores trabalhadores terem mais gastos com a sobrevivência, dificultando que poupem para se tornarem capitalistas. Assim vai se aprofundando o poço de desigualdade social entre trabalhadores e empresários. Para impedir a desestabilização do sistema, o governo interfere com impostos e regulamentações, de modo a promover a redistribuição de bens e diminuir as desigualdades. Tudo bonito em teoria se não fosse a existência de corruptos. Novamente o governo intervém com o formalismo judicial e penitenciário para evitar fraudes de todo tipo. Mas os agentes desses mecanismos também são corruptos. Resultado: uma sociedade injusta, instável, desarmônica e conflituosa. Nada ideal e nem feliz.
Qual a solução? O que parece é que o modelo capitalista de mercado livre, apesar de ser capaz de propiciar, a princípio, a qualquer um a capacidade de se tornar capitalista, tem dentro de si, os mecanismos que levam à produção das desigualdades, por sua própria liberdade. O oposto, que seria a solução socialista, em que o governo deteria o controle total sobre a economia, sendo o único patrão, também não resolve, tanto pela ausência de liberdade e pela imensidão do aparato burocrático necessário, como pela própria exacerbação da corrupção que, agora, é toda feita no interior do próprio sistema gerenciador, sem instâncias distintas vigiando-se umas às outras. O socialismo acaba com os patrões e torna todos empregados, mas uns, os burocratas controladores do governo, passam a ter o papel dos patrões, agora imunes a toda fiscalização governamental, pois são o governo. É a ditadura do proletariado que já se revelou completamente ineficaz e ineficiente para gerir a economia de uma nação.
O ideal seria o comunismo, em que a sociedade mesma se ocuparia dessa gestão, sem a intermediação do governo. Na teoria marxista isto seria o ideal ao fim do período transitório da ditadura do proletariado. Isso, contudo, nunca ocorreu.
A outra via é a do anarquismo, que divergiu do comunismo com a ruptura entre Marx e Bakunin em 1872, deixando os anarquistas de fazer parte da primeira Internacional Socialista. Mas aquele era um anarquismo revolucionário. Outra alternativa é o anarquismo pacifista. O modelo que defendo, que prefiro chamar de comunitarismo, de modo diverso do comunismo, ao invés de acabar com os capitalistas, transforma todos os trabalhadores em patrões, pulverizando o capitalismo. A elaboração completa da proposta seria longa para este espaço, mas, por um processo educativo, de propaganda e de exemplos práticos, o comunitarismo iria, cada vez mais, fazendo ser desnecessário o governo, o dinheiro e a propriedade, até que eles deixassem de existir espontaneamente.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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