domingo, 9 de outubro de 2011

Discordo. Para mim todo o conteúdo da mente lhe foi depositado pelas sensações, sobre as quais o raciocínio elaborou conceitos. Então o senhor imagina que a mente humana seja uma espécie de tábula rasa lockeana? (se é que entendi direito)

Em termos de conteúdo, sim. Em termos de estruturas de processamento, não. Mas a mente não é como um computador em que o hardware e o software são entidades distintas. O conteúdo está na própria estrutura e ela vai se formando enquanto o conteúdo vai sendo adquirido. Isto acontece desde que se inicia a diferenciação de células nervosas no embrião. O embrião e o feto já vão tendo sensações que vão moldando as conexões neurais para ele começar a ter as percepções do posicionamento esquelético e tudo o mais. Ao emergir para o exterior, a criança já tem um grande volume de memórias, já sabe ver e ouvir, sem refinamento, decerto, e assim por diante. Acho que em psicologia e neurologia podem-se esquecer todas as opiniões filosóficas anteriores ao século XX e começarmos com as investigações verdadeiramente científicas, especialmente mais recentes. Isto não é um tema filosófico, é científico. Mas a Psicologia e as Neurociências ainda não estão solidamente estabelecidas, De modo que é preciso examinar todas as correntes: Pinker, Skinner, Churchland, Searle, Rose, Dennett, Chomsky, Foucault, Gazzaniga, Damásio, Nagel, Quine e outros, para se tirar um apanhado geral e fazer um juízo. O problema é ter tempo para isso tudo se não se é um especialista da área. E corre-se o perigo de se ler um livro só e ficar influenciado pelo ponto de vista do autor sem ler outros. O problema da psicologia filosófica, com a de Locke, Hume e outros, é que se baseia em opiniões tiradas de reflexões e não estudos científicos de casos.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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