Desejo é uma atração sexual, é a vontade de transar com aquela pessoa. Mas não apenas uma transa recreativa, sem maiores interações. É uma vontade que também inclui um sentimento de carinho e afeto e não só a fruição egoísta do prazer. Mas não precisa envolver amor.
Amor, no sentido romântico, já um complexo que envolve um querer bem, isto é, um desejo de propiciar felicidade à pessoa amada. É um sentimento de ternura pela pessoa, de satisfação na sua companhia, na interação mental com ela. Normalmente também inclui o desejo, mas pode existir sem o desejo ou com um desejo sublimado, que se compraz apenas com abraços e beijos, sem o sexo genital.
Amor é um sentir, um pensar, um desejar, um querer e um agir, isto é, uma emoção, um sentimento, um apetite, uma volição e uma ação. Mas também é uma intelecção, refletida, consentida, explicitada e assumida. Esse complexo de fatos psíquicos caracteriza o amor em todos os planos, piedade, compaixão, solidariedade, afeição, amizade, amor platônico, erotismo. Amor filial, maternal, paternal, fraternal, conjugal, idealista. A intensidade e a sequência em que eles aparecem pode variar. O amor sempre emociona, enternece, e envolve um desejo de zelo, cuidado e proteção da coisa amada, bem como um desejo de reciprocidade. Mas o amor só se realiza quando é expresso em vontade e essa vontade em ação. Não basta sentir e desejar para amar, é preciso querer e provar. O amor envolve dedicação e renúncia, paciência e perseverança, trabalho e recompensa, alegria e tristeza, euforia e depressão. É algo envolvente e inebriante. O amor não é possessivo, ciumento, exclusivista, castrador, sufocante. Pelo contrário, o amor é libertário e altruísta. Não me refiro apenas ao amor erótico mas a todas as modalidades, inclusive as formas idealistas de amor à verdade, à justiça, à sabedoria, à humanidade, à natureza. O amor não pode ser cerceado em sua intensidade e abrangência. Ele não possui limites. Quanto mais se ama a mais coisas e pessoas, mais capacidade se tem de amar. E quanto mais se ama, mais se realiza e maior é a felicidade, mesmo que nem sempre seja correspondido. E certamente, é algo de que se possa contemplar em sua estética e fruir o máximo prazer que é amar o amor.
Nada é mais importante do que o amor. Trata-se de algo engendrado pela natureza ao longo da evolução para garantir a sobrevivência da espécie. Enquanto o egoísmo pode ser eficaz para a sobrevivência do indivíduo, é o amor que garante a espécie. O sexo foi uma estratégia da natureza para garantir a variabilidade genética e possibilitar múltiplas escolhas na seleção natural. Seria possível, por partenogênese, a existência das espécies apenas com o sexo feminino (que é o essencial, o masculino é acessório), mas o surgimento do sexo, desde os mais primitivos seres vivos, se revelou a opção mais eficaz. Assim, eros é a pulsão mais poderosa, pela qual os indivíduos até mesmo dão a vida. Mas a sobrevivência da espécie também exige o cuidado com a prole e a proteção da fêmea, atitudes essas que se sublimaram na componente platônica do amor. Assim o amor evoluiu para uma atitude não só sexual mas também de carinho. E a necessidade de proteger o grupo privilegiou aqueles que possuiam fortes ligações de cooperação inter-individual, o que é sublimado na amizade. Duas forças coexistem nas espécies: a de competição, egoísta, belicosa, que deseja o poder sobre o outro a ser subjugado e a de cooperação, que se expressa no amor, na compaixão, no altruísmo. A primeira tem suas raízes profundas na necessidade de aplacar a fome (fome fisiológica do alimento mesmo) e a segunda no impulso de preservação da espécie. Sendo o homem uma espécie altamente evoluída, que atingiu o estágio de consciência psíquica plena e desenvolveu a cultura, essas forças primitivas da natureza foram canalizadas para expressões refinadas da arte, do engenho e da ciência. Mas são elas que movem o poeta, o guerreiro, o cientista, o sacerdote, o empresário, enfim, todo homem e toda mulher a fazer o que quer que seja na vida.
Paixão é uma exacerbação de desejo e de amor, concentrada em uma pessoa. Enquanto o amor pode ser direcionado a várias outras pessoas simultaneamente, mesmo o amor erótico-romântico, a paixão é exclusivista. Quando se apaixona é por uma pessoa só de cada vez. Trata-se de um sentimento muito forte que traz uma necessidade imperiosa da outra pessoa, cuja ausência leva a grande tristeza, cuja presença causa uma série de manifestações somáticas emotivas, como taquicardia, bambeira nas pernas, gagueira, sudorese, rubor. É uma condição psíquica que envolve totalmente a pessoa, que passa o tempo todo só pensando na outra, que se esquece do resto da vida, que não percebe nenhum defeito no objeto de sua paixão e exacerba suas qualidades, até inventando, inconscientemente, algumas. A paixão, normalmente, evolui para um sentimento mais ameno de amor ao fim de certo tempo. Mas a lembrança dela nunca fica apagada. Trata-se de uma das mais fortes emoções e um dos mais fortes sentimentos que se pode experimentar. Em verdade é uma das coisas que faz com que a vida tenha sentido.
Postagens do pensamento, textos, poemas, fotos, musicas, atividades, comentarios e o que mais for de interesse filosófico, científico, cultural, artístico ou pessoal de Ernesto von Rückert.
Clique no título da postagem para ver os comentários a seu fim e inserir um.
Clique no título do Blog para voltar a seu início.
Para buscar um assunto, digite a palavra chave na caixa do alto, à esquerda, e clique na lente.
Veja lá como me encontrar em outros lugares da internet.
Visite meu canal no you-tube.
Pergunte-me o que quiser no ask.
As perguntas e respostas do ask e as que dera no formspring antes são publicadas aquí também.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário