"Do nada", não, pois não existe e nunca existiu "o nada". O Universo surgiu sem ter do que provir, isto é, "de nada". "Nada" é a inexistência de qualquer coisa. Aliás, esta é, também, a concepção dos criacionistas, que consideram que tal surgimento foi um ato criativo de uma entidade supra-natural, extrínseca ao Universo, a que denominam "Deus". A existência de tal entidade é controversa e muito implausível. Todavia, a alternativa ao surgimento sem ter do que provir é a de que o Universo sempre existiu. Pode ser. No entanto os indícios observacionais são no sentido de que houve um momento em que o conteúdo do Universo passou a existir, ou seja, os campos, a matéria, a radiação, o espaço, o tempo, as estruturas, as interações, as ocorrências, com todos os seus atributos, quais sejam, extensão, massa, carga, energia, movimento, intensidade e tudo o mais. Antes desse momento não havia nada, nem espaço vazio, nem mesmo "antes". Isso não é uma questão de acreditar e sim de verificar. Se for verificado que sempre existiu Universo é o que se deverá considerar. Mas, em razão dos atuais conhecimentos, há que se considerar que houve um surgimento e que, portanto, como não havia nada do que provir, tal surgimento não foi uma transformação. Argumenta-se que as leis de conservação o proíbem, mas as leis de conservação se aplicam só ao que existe. O evento de passagem da inexistência para a existência da totalidade das coisas está fora de seu alcance.
Um último comentário é de que o denominado "Argumento Kalam" de que seria impossível ao Universo ser eterno para o passado é falacioso. Não é por ele que se diz que o Universo teve um surgimento. É uma questão fática. Em meus blogs já analisei essa falácia. Procure por "Kalam" na caixa de busca deles:
www.ruckert.pro.br/blog
www.wolfedler.blogspot.com
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