Sim. Muitas vezes. Não gosto de cidade grande, seja qual for ela. Gosto de uma cidade em torno de 300 a 500 mil habitantes, que tenha todos os recursos de uma cidade grande, mas não tenha a maioria de seus problemas. São Paulo poderia ser dividida em umas 40 cidades espalhadas pelo interior do estado. Do mesmo modo que o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Fortaleza, Brasília, Curitiba, Manaus e outras metrópoles brasileiras e mundiais. Quanto ao povo de São Paulo eu gosto de sua diligência e conhecimentos mas não gosto de sua relativa secura. Quanto aos cariocas eu gosto de sua afabilidade mas não gosto de sua indolência. Para mim teria que ser uma mistura das boas qualidades de ambos sem os defeitos. Eu sou carioca de nascimento, mas cresci no interior de Minas Gerais. Além do mais fui criado por mãe gaúcha, filha de baiano e gaúcha, mas criada no Rio. Meu pai era carioca, mas filho de austríaco e portuguesa. De modo que me tornei algo completamente hibrido, inclusive no acento do falar. Em criança, em casa, usávamos a segunda pessoa do singular. Mas não com o verbo na terceira pessoa, como os gaúchos. Quanto ao modo de ser e se portar, minha família era de uma aristocracia empobrecida. O pai de minha mãe era primo de Rui Barbosa e fora casado, em primeiras núpcias, com a filha de um barão do Império. Meu bisavô austríaco também era da nobreza e minha bisavó portuguesa era de família fidalga da cidade de Braga, os Vieira de Carvalho. Meu avô português era diplomata, adido comercial no Consulado de Portugal em Belo Horizonte, quando da instalação da nova capital. Meu avô, o Wolfgang Anton Ferdinand Ernst Ginzel Edler von Rückert era professor de Russo e Tcheco na Universidade de Viena e falava, além dessas, o alemão, inglês, francês, italiano, espanhol e português (de Portugal).
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