quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sobre o caso Fabíola. 18/12/2015

Muito se tem falado do caso da Fabíola que foi flagrada por seu marido traindo-o com seu amigo. O espetáculo de destempero do marido foi filmado e colocado nas redes sociais. Há três questões no episódio: a traição, a reação do marido e a divulgação do vídeo (incluindo a própria filmagem). Sem dúvida, traição é algo eticamente errado. Não porque um dos parceiros de um relacionamento conjugal ou amoroso cometa outro relacionamento com uma terceira pessoa, mas porque o faz sem a ciência e o consentimento do primeiro parceiro ou parceira. Tal tipo de ocorrência seria liminarmente eliminado de qualquer relacionamento se, em todos eles, ficasse já tacitamente estabelecido que qualquer dos parceiros seja livre para manter outros relacionamentos que quiser, com ou sem comunicação. Isso, absolutamente, não significa nenhuma diminuição do amor, do afeto, da amizade, do desejo e nem do respeito pelo parceiro primário, uma vez que faz parte do trato relacional essa permissão. E não prejudica, em nada, a estabilidade, a harmonia e a felicidade do par. Tal possibilidade, inclusive, poderia ser estendida a uma relação plurívoca estabelecida e com estabilidade. Mas, não sendo assim o trato, ocorre uma traição e o erro da traição é, justamente, a mentira. A solução é dupla. Ou o parceiro traído aceita a outra relação e tudo fica bem assim mesmo, ou o relacionamento é rompido. O episódio, contudo, redundou em uma cena de selvageria por parte do marido que, absolutamente não se justifica entre pessoas civilizadas. Tudo poderia ter sido resolvido pela escolha de uma das duas opções que citei acima. Finalmente há o caso do filmagem e sua divulgação. A filmagem parece que foi premeditada. O marido chamou alguém para filmar. Da mesma forma que a divulgação nas redes sociais. Isso já é outra atitude eticamente errada. Nenhum erro justifica outro. Vingança é tão criminosa quanto o crime que a suscitou. Principalmente quem se julga a vítima injustiçada de alguma ação, não pode revidar com outra injustiça, porque, então, fica sem razão. O caso é lamentável e, em última instância, decorre das concepções retrógradas da sociedade, no que diz respeito à consideração de que os relacionamentos amorosos envolvem alguma "propriedade" de um sobre o outro. Nada mais contrário ao sentido verdadeiro do amor que é inteiramente libertário. Ou seja, quem ama quer o amado livre, inclusive para amar a outrem.

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