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terça-feira, 12 de setembro de 2017
A moral (não a ética) é inseparável da religião?
Não. A moral foi apropriada pelas religiões, mas é um construto social, enquanto a ética é filosófica. O correto seria que as permissões, proibições e prescrições da moral fossem sempre baseadas na ética, que estabelece o que seja certo ou errado, bom ou mau, legítimo ou ilegítimo. Mas nem sempre o são e, muitas vezes, refletem o que as classes dominantes querem que as classes dominadas cumpram em termos de comportamento. Esse aspecto é que foi assimilado pelas religiões que pregam que a moral seja de origem divina, quando é, simplesmente, outorgada pelos dominadores aos dominados, isto é, pelos governantes mancomunados com os sacerdotes. Então condicionam a salvação ou a danação da alma ao cumprimento dos preceitos morais, feitos religiosos. As pessoas crentes daí, seguem esses preceitos a fim de garantirem sua salvação ou evitarem mais um ciclo de sansara. Uma moral inteiramente laica e fundamentada na ética é necessária para que a sociedade se estabeleça em harmonia e paz. Todavia não precisa fazer nenhum apelo a crenças religiosas de salvação e danação (ou reencarnação). O apelo é a manutenção da paz e harmonia na sociedade e a felicidade das pessoas. Certamente que a sociedade tem que prever sanções a quem se desvie das normas morais, como os ladrões e assassinos, configurando esses desvios como crimes passíveis de punição, como a prisão. Todavia se uma norma moral não for suportada pela ética, é preciso que a sociedade se rebele contra ela e a derrube. Como aconteceu com a escravidão, com a indissolubilidade do matrimônio, com a união homossexual e tem que acontecer com a impossibilidade da poligamia.
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