domingo, 19 de dezembro de 2010

A interpretação determinista da física quântica feita por David Bohm não procede?

No meu entendimento, não. Acho que Bohm e outros não aceitam, aprioristicamente, o caráter indeterministico e acausal dos fenômenos quânticos por um preconceito filosófico. Então procuram meios de contorná-lo, reestabelecendo o determinismo, com o uso de artifícios variados, como as "variáveis ocultas" e os "muitos mundos", por exemplo. Estes artifícios nunca foram comprovados. Isto não é a mesma coisa que a "Função de Onda", que também não é observável, sendo apenas um artifício de cálculo, que, inclusive, em certas formulações, pode ser dispensado. Mas as variáveis ocultas seriam observáveis ocultas e os muitos mundos seriam reais. Isto tudo é dispensável se se admitir o caráter intrinsecamente probabilistico, indeterminístico e acausal da natureza. Porque não? Não há nada que requeira o prevalecimento do determinismo e da causalidade. Considerá-los necessários é um preconceito. Determinismo significa que uma causa, dentro das mesmas condições, produz sempre o mesmo efeito e causalidade que todo evento tenha que ser efeito de uma causa. Nada disso é verdade. Há muitos casos em que a mesma causa, nas mesmas condições e circunstâncias, produz efeitos distintos, como se vê no fenômeno de difração, tanto da luz quanto de partículas, como elétrons. E há inúmeros eventos que não são efeitos de causa nenhuma, como o decaimento radioativo e a emissão de fótons por sistemas excitados. Dizer que a causa ainda não foi detectada é só uma crença, sem fundamento, pois a existência de causa para eventos é uma conclusão induzida, que não tem garantia de validade. Mesmo que se ache a causa de algum evento que se considere incausado, isto não significa que fica estabelecida a necessidade de causa para todo evento.

Ask me anything (pergunte-me o que quiser)

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails