Acho que já li uns três mil livros, desde criança. Sempre li muito, umas quatro horas por dia e mais ainda nos fins de semana. E leio rápido. Atualmente leio menos porque passei a participar da internet. É fácil achar tempo para ler. É só não ver televisão e dormir pouco. E considerar que "ficar à toa" é ficar lendo. Levo livro para todo lugar que vou. Tem que gostar mesmo, e muito. Considero que ler é a terceira coisa mais gostosa de se fazer. A primeira é amar, a segunda é pensar, a quarta é comer, a quinta é conversar, a sexta é escrever, a sétima é cantar, a oitava é ouvir música clássica, a nona é assistir a um bom filme e a décima é estudar. Para mim, é claro. Há quem goste de esportes, dormir ou ver qualquer coisa na TV. Eu não. Durmo umas cinco horas por noite, no máximo sete. Há muito tempo. Detesto dormir. Quanto à minha biblioteca, tem uns seis mil livros. Dois mil de literatura, dois mil de física, matemática e informática e dois mil de filosofia e outros conhecimentos. Tenho umas dez mil revistas, uns três mil discos, uns mil vídeos, além de muitas gravuras, partituras, mapas, programas de computador etc. Minha intenção é fundar uma ong e doar isso tudo para o povo. Não tenho outros bens, exceto minhas pessoas queridas. Desde que comecei a trabalhar, há 43 anos, ganhei uns dois milhões de reais, atualizados. Nunca apliquei dinheiro e nem adquiri propriedades. Meu carro, um Kadett 1995, não vale oito mil reais. Tudo o que ganhei gastei, especialmente com os outros. Já tive treze pessoas sob minha dependência financeira. Desse dinheiro, a quarta parte o governo pegou de impostos, a quarta parte eu gastei com comida, a quarta parte eu usei para comprar roupas, móveis, utensílios, energia elétrica, comunicações etc. E a quarta parte eu apliquei em minha biblioteca. Sim, meio milhão de reais é o que eu gastaria para adquiri-la hoje, tudo novo. Mas não vale, comercialmente, nem a décima parte disso. Um investimento a fundo perdido. Poderia ter comprado dez pequenos apartamentos para alugar e ter uma renda de uns cinco mil por mês. Será a minha contribuição para o bem da humanidade, além dos ensinamentos que passei para os quatro mil alunos que tive em 12 anos de magistério no Ensino Médio e 20 anos no Ensino Superior, ensinando Física e Matemática e passando para os alunos todos os valores que advogo como essenciais para a construção de um mundo bom, justo, equitativo, harmônico, fraterno, próspero e aprazível para todos, e não só para alguns, como o ceticismo, o livre-pensamento, o respeito à verdade, o altruísmo, a coloboração, a dedicação, a responsabilidade, a diligência, a generosidade, o desprendimento, a coragem para combater o mal, o desenvovimento da inteligência, da curiosidade, do conhecimento, da cultura, do deslumbramento com a natureza e a vida, das habilidades práticas da vida, a honestidade, e tudo o que faz uma pessoa ser virtuosa de forma alegre, numa sintese do epicurismo com o estoicismo e o cinismo na acepção original de desprendimento de bens materiais.
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