sábado, 26 de fevereiro de 2011

O que você não gosta no povo brasileiro?

Sou brasileiro e não quero deixar o Brasil. Pelo contrário, quero ficar para melhorá-lo em tudo o que ele não tem de bom. O que não gosto no brasileiro e sempre faço o maior esforço, na vida pessoal e profissional, para ver se conserto é o seguinte:
1. Preguiça – Fico impressionado como grande parte do povo brasileiro é preguiçoso. Nem um pouco diligente, operoso e trabalhador. Para mim esta é uma das principais razões do atraso nacional. Aceitam tudo mais ou menos para não ter o trabalho de fazer bem feito. Não arregaçam as mangas e pegam duro no trabalho para que o resultado seja excelente. Contentam-se com o sofrível para não se cansar.
2. Irresponsabilidade – Outra falha grave: falta de compromisso, descaso, indiferença. Não cumprem o que ficou combinado, se isto lhe causar prejuízo. Trato é trato e tem que ser cumprido, mesmo que se tome prejuízo. Não é uma questão de ser mais vantajoso. É uma questão de honra. Chegam atrasados e fazem descaso da pontualidade. E quem é pontual é tido como enjoado. Não cumprem prazos de entrega e prometem o que não vão conseguir cumprir, só para não perder a encomenda. Isto é venalidade.
3. Mediocridade – Tem a ver com a preguiça. Ninguém quer saber de nada. Ter conhecimentos é considerado um estorvo. Ninguém estuda a não ser que seja absolutamente necessário. É uma falta de cultura geral generalizada e mesmo no seu campo profissional, poucos são os que vão além do que é exigido. Daí a mediocridade geral. Não se lê. Apenas se vê idiotamente televisão, o que é embotante para o cérebro.
4. Maledicência – É terrível como o brasileiro adora falar mal dos outros e fazer fofoca, ao invés de procurar levar as pessoas a uma conduta correta. Passar horas falando dos outros parece ser o esporte preferido e nada construtivo para o bem geral.
5. Tolerância – Não estou falando em tolerância com respeito a modos de pensar e viver diferentes. Estou falando em tolerar erros, dos outros e de si mesmo. Isto é terrível. Não se reclama, não se toma providências contra pessoas que não cumprem o combinado. Deixa-se para lá, para não ter dor de cabeça. Não se é exigente com a qualidade dos serviços e produtos que se compra e que se vende. Tanto faz, está bom assim… Desse jeito nunca seremos uma nação verdadeiramente de primeiro mundo.
6. Jeitinho – É terrível como o brasileiro gosta de “dar um jeitinho” e não resolver os problemas da forma correta. Isto tem a ver com preguiça também. Assim fica tudo “gambiarrado”, à moda do MacGyver. Não digo que isto muitas vezes não seja criatividade. A questão é que “gambiarras” só podem ser admitidas de forma excepcional, para resolver “provisoriamente” uma questão urgente que não se tem como resolver da forma correta. Só que o brasileiro deixa o provisoriamente para sempre e as coisas ficam por isso mesmo. Aí é que é o problema.
7. Omissão – As pessoas nunca tem a ver com nada de errado de que tomam conhecimento. Não tomam iniciativa de consertar o que vêm errado, não se envolvem com os problemas que não lhe dizem diretamente a respeito, não se arriscam para consertar os malfeitos. Omitem-se em denunciar as falcatruas dos governantes e o que vêm sendo feito errado pelos outros só para não ter dor de cabeça. Ora, que se tenha a dor de cabeça, mas não se deixe as coisas acontecerem erradas sem tomar uma atitude. Todo mundo tem sempre a ver com tudo aquilo de que toma conhecimento. Não pode lavar as mãos e dizer que não tem nada a ver com o caso. Se está sabendo, tem a ver sim. E se não faz nada a respeito, é um calhorda.
8. Credulidade – O brasileiro acredita em quase tudo sem verificar a validade. Esta falta de ceticismo é extremamente prejudicial. Não só nas crenças em superstições e pseudo-ciências, como astrologia, numerologia, simpatias e benzeduras, mas nas promessas falsas de políticos em campanha e na conversa fiada de negociantes inescrupulosos. Falta muita racionalidade no pensar do brasileiro em relação às ocorrências do cotidiano. A proliferações de religiões que prometem prosperidade em troca do dízimo é uma vergonha. Mesmo aquelas que prometem a salvação em troca da prática do bem. Fazer o bem é algo que se tem que fazer por seu valor intrínseco e não por recompensa de nenhuma espécie, nem pela salvação eterna. É sempre bom checar a validade das promessas de qualquer ordem.
Além dessas atitudes que elenquei, quero ressaltar que não gosto de calor, de futebol, de esportes em geral, de malhação, de carnaval, de funk, de axé, de comício, de política, de economia, de negócios, de velório, de feiúra, de cerveja, de fumo (nem dos outros), de ver TV. Mas isto são minhas idiossincrasias. Não acho que sejam coisas erradas em si. Mas também não gosto de empáfia, fofoca, sebosismo, gabolice, confiança excessiva, gente folgada, entrona, espaçosa, mentirosa, turrona e fanfarrona. E isto eu acho que é errado mesmo. Também não gosto de burro nem de ignorante, mas dou um desconto se for uma boa pessoa, pois não tem culpa de ser assim. Mas burro e ignorante teimoso é dose.
Por outro lado gosto de muita coisa: de amar, de namorar, de pensar, de ler, de estudar, de filosofar, de cantar, de tocar piano, de música clássica, de ópera, de poesia, de escrever, de pintar, de desenhar, de compor, de conversar, de passear, de viajar, de fotografar, de boa comida, de vinho, de chá, de destilados, de internetar, de programar, de assistir bons filmes, de matemática, de física, de cosmologia, de astronomia, de biologia, de filosofia, de geologia, de geografia, de história, enfim, de centenas de coisas que me estimulem o cérebro e os sentidos de forma refinada.
Em relação ao Brasil e ao povo brasileiro, gosto de sua solidariedade, sua hospitalidade, sua alegria, sua criatividade e sua irreverência (mas nem tanto).

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Um comentário:

Unknown disse...

de fato, excelente ensaio sobre a alma brasileira. nossa cultura contém males que nos atrasam demais.

só não entendo como você pode não gostar de cerveja. já experimentaste as especiais? apreciá-las é como apreciar um bom vinho. (obs, skol e cia está para cerveja assim como aqueles vinhos baratinhos estão para os bons, a diferença é enorme)

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