Penso que a tendência que se observa, a longo prazo, apesar das idas e vindas, é de que, com a disseminação da prosperidade, as religiões perderão muito do seu poder e a população ateia, agnóstica ou, pelo menos, sem religião vai sempre crescer, até que todas as religiões sejam extintas por absoluta falta de seguidores. Mas isto ainda demora várias centenas de anos ou alguns milhares. Minha concepção é de que a família mononuclear e biparental se dissolverá em uma estrutura mais ampla e fluida, em que grupos de adultos de ambos os sexos compartilharão entre si os relacionamentos amorosos e os filhos, com um compromisso de dedicação e responsabilidade pelas crianças, mas não de exclusividade nem de permanência em relação aos múltiplos cônjuges, com abertura, mesmo, para relações sem compromisso fora do grupo. Esses grupos compartilharão grandes habitações e facilidades (cozinha, refeitório, lavanderia, vestiário, ambulatório, sala de jogos, de música, de vídeo, biblioteca, creche, veículos, etc.) coletivas e unirão seus esforços econômicos para o bem comum de todos os participantes. Tal comportamento não será considerado imoral, pelo contrário, por ser muito mais ético, no sentido de ser propício ao aumento da felicidade de todos. Mesmo nos países muçulmanos, em que o tradicionalismo é mais arraigado, a abertura que vem ocorrendo permite prever, para dentro de alguns séculos, essa liberalização total. Sem dúvida isto será um fator extremamente benéfico para a concretização de uma sociedade humana global harmônica, justa, fraterna, próspera e feliz para todos e não só para alguns. O que podemos e devemos fazer é abreviar esse tempo por meio da difusão dessas idéias anarquistas, ateístas e poliamoristas pela propaganda, pela educação e pelo exemplo. Então o sonho de um mundo completamente anárquico talvez seja obtido em menos de mil anos.
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