segunda-feira, 13 de julho de 2015

Discordo de você. Acho que o direito à zombaria (me refiro a manifestos inteligentes, ousados e atrevidos) é um método alternativo elementar para ridicularizarmos todas as contradições internas e externas que as ideias possuem. Zombar não implica em censurar a liberdade de crença de ninguém.‎

Talvez o que estamos entendendo por zombaria não seja o mesmo. Aliás, grande parte das discussões filosóficas é meramente semântica. Eu acho que se possa criticar humoristicamente qualquer concepção, seja religiosa, seja ideológica ou de outra ordem. Mas não de um modo escrachado, ou seja, de um modo provocador, chulo, degradante, ofensivo. Quando isso for feito, tem que ser de um modo sutil, inteligente, elegante, podendo ser mordaz, se a mordacidade for inteligentemente colocada sem agressividade. Esse tipo de humor é, inclusive, instigante no sentido de acicatar a inteligência para refletir sobre a questão e contestar ou a proposta que se ironiza ou a própria ironia. Esse movimento mental é salutar. É bom, inclusive, que se faça isso, amiúde, com as próprias convicções, colocando-as na berlinda e imaginando modos de conspurcá-las, para que elas sejma derrotadas ou sobrevivam com mais confiança em seus méritos. A charge em que Maomé se coloca de quatro sendo sexualmente penetrado, para mim, é, não só de péssimo gosto, como não critica nenhuma concepção islâmica, sendo, meramente, uma ofensa gratuita e uma pessoa, que, queira-se ou não, é um lider admirado por uma fração considerável da humanidade. Se se discorda de suas idéias, então se critique essas idéias, mesmo com alguma mordacidade, mas com uma fundamentação plausível e que leve a raciocinar. A charge que menciono é um produto de uma mente revoltada e doentia. Revoltas são válidas, mas têm que ser expressas de modo racional. Em suma, com finesse.

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