quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ernesto, qual era sua tática para estudar nos tempos de faculdade? Lia teoria, fazia muitos exercícios ou fazia um resumo bom? E pra dissertação, qual era sua tática? Sentia que o estudo "rendia"?

Minha tática era simular uma preparação de uma aula sobre o que eu estava estudando. Então eu tinha que entender profundamente e inventar meios de explicar o que tinha aprendido. Mas eu nunca liguei para fazer exercícios. Preocupava com a teoria. Os exercícios saiam naturalmente quando eu sabia muito bem a teoria. Como professor também sou assim. Na Universidade, em minhas provas, no Bacharelado em Física, eu pedia para os alunos escreverem um texto explicativo da questão, como se fosse uma apostila. Podiam consultar o que quisessem, mas tinham que ser originais e citar a bibliografia. Só não podiam consultar o colega. Mesmo no Ensino Médio, onde uso o método da redescoberta, faço com que os alunos sejam cientistas e descubram, eles mesmos, as leis. Eu não ensino. Depois eles têm que fazer um trabalho de escrever um capítulo de apostila sobre o tema. E têm que dar aula para a classe. Nos problemas, eu uso sempre um método de levar tudo, primeiramente, de forma teórica. Dou muito problema de dedução de novas fórmulas. Aliás, em classe, só dou as equações fundamentais. As derivadas ficam como exercícios. E gosto de usar modos inteligentes e informais de solução de problemas. Nada de regras e macetes. Isso embota e inteligência. Uso muito gráficos. O mais importante para um professor de Física não é passar conhecimentos mas treinar o raciocínio. Para o estudante é a mesma coisa. O conhecimento mais importante é o conceitual. Isso tem que ficar bem nítido. Inclusive os domínios de aplicabilidade e inaplicabilidade de cada assunto. Saber um monte de fórmulas é besteira. Elas podem ser deduzidas na hora, por quem sabe raciocinar. Então o segredo é ser um autor de livro, um professor, um conferencista. Prepara uma palestra sobre o assunto que você aprende. Quanto a dissertações, seja literário. Tenha estilo. Não seja seco. Mas seja bem preciso. Argumente consistentemente, principalmente verbalmente. Use a matemática com parcimônia, mas, quando usar, use-a bem e não salte passos de demonstrações. Não se importe em ser longo. Resumo demais é ruim. Seja criativo. Invente novas formas de explicação e demonstração. Não copie. Crie. Mas, para tal, há que se municiar de bastante informação. Não seja aluno de um livro só. Consulte vários. Dispenda tempo para ler. Não tenha preguiça. Abdique da televisão, da internet e de muito sono. Leia, também, livros de divulgação, para aprender a gostar muito do que estuda. Se não for um deslumbrado, um vibrador, não aprende nada. E lembre-se, finalmente: como eu, não se contente em saber apenas o que é exigido na matéria. Vá além, bem além.

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