A sabedoria tem dois aspectos: adquirir e aplicar. Para se adquirir é preciso dois momentos. O primeiro é o da percepção do mundo, em todos os seus aspectos, especialmente o mundo das pessoas humanas. Para isso é preciso se estar no meio delas. Mas também é preciso contemplar a natureza. Não só contemplar, mas examinar e buscar entender e compreender. Todavia só isso não dá sabedoria. Há que se refletir, ponderar e concluir. Aí é que entra a solidão. Porque tem-se que pensar e pensar muito. E o pensamento só se desenvolve bem na solidão. Há quem estranhe o ato de pensar, de quedar-se pensativo e ensimesmado. Mas pensar é que faz a diferença de se ser humano. Pensar é, pois, a mais alto atividade humana. Todavia ainda não é sábio ou sábia aquele ou aquela que não leva sua sabedoria à ação. A sabedoria vale pelo que ela é capaz de fazer de bem para o mundo e para as outras pessoas. Se a sabedoria for munida de grande sapiência (o que não é a mesma coisa), então pode ser mais profícua ainda. Mas só será efetiva quando for aplicada na solução dos problemas da vida. Então não posso dizer que a solidão seja a mãe da sabedoria, porque ela tem mais de uma mãe. Mas, certamente, é uma delas.
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