sexta-feira, 29 de abril de 2011

Agora a religião da moda virou espiritismo. Sempre vem com o papo de almas e tudo mais, embora eu desacredite em vida após a morte e almas. A questão da psicografia, pra mim, é falsa, e quando levantamos questões como [cont.]

(cont) letras que diferem entre os psicografados, eles sempre reafirmam com a mesma especulação de que a alma já sabia tudo etc. etc. etc. Bom, mas gostaria de saber sua opinião acerca do espiritismo e como o refuta, quais são seus argumentos?

O espiritismo é uma doutrina que considera que, com a morte do corpo, a alma se reencarna em outro. Para que isto possa acontecer é preciso, antes de tudo, que exista alma. Como isto não acontece, o espiritismo é algo inteiramente sem sentido.

O que se entende por alma seria uma entidade sutil, isto é, não material, mas substancial, ou seja, constituida por algum conteúdo real, mesmo não físico, e não meramente uma abstração (abstração é um construto puramente mental, ou seja, uma idéia não realizada fora de mentes que a concebam). A alma seria um ser (ente que existe) individualizado e pessoal, constituindo-se em um espírito, que, durante a existência biológica da pessoa, se uniria a seu corpo, dele se desprendendo com a morte biológica. A justificativa para a existência de tal tipo de coisa seria que a mente, isto é, aquilo que responde pela vida psíquica da pessoa (pensamentos, raciocínio, memória, percepções, emoções, sentimentos, desejos, escolhas, decisões, consciência, autoconsciência, o "eu" e esse tipo de fatos), não pode ser apenas o produto do funcionamento do cérebro, pois este é puramente material e o psiquismo necessariamente tem características não materiais. Logo teria que haver uma entidade não física para abrigar a mente: a alma. Por outro lado, a idéia de que a morte represente a fim definitivo da consciência, de modo geral, é rejeitada pelas pessoas, que nutrem o desejo de que seu "eu" possa sobreviver à extinção da vida biológica. Além do mais, a noção de existência de uma divindade sempre foi ligada ao caráter de um juiz que recompensaria ou puniria a pessoa por sua conduta na vida terrena, exatamente em uma outra vida, que só poderia existir se algo, a alma, sobrevivesse à morte.

É claro que o desejo de qualquer coisa não garante a sua existência, de modo que isto não prova, de forma nenhuma, que alma exista. O progresso no estudo das neurociências, a cada dia, mostra que muitas ocorrências antes consideradas de ordem espiritual, são explicadas pela fisiologia e anatomia do cérebro, tanto que são controladas por drogas ou intervenções cirúrgicas. Isto permite supor que todo o comportamento psíquico venha a ser, no futuro, completamente explicado pelo funcionamento do cérebro. Além do mais, é preciso entender que nem tudo que é físico é material, como a radiação e os campos de força, por exemplo. Um tipo de coisa que pode, perfeitamente, abrigar a noção de mente são as "ocorrências" globais de sistemas suficientemente complexos para admitir não linearidades na interação entre suas partes. Este, certamente, é o caso do cérebro, de modo que se pode, com segurança, considerar a mente como uma ocorrência do cérebro, sem apelo a nenhuma entidade de outra natureza que não física.

Uma vez que o apelo à alma para a explicação do psiquismo não se faz necessário, aliado a que, até o momento, não há nenhuma evidência fatual inteiramente livre de controvérsias e nenhuma comprovação, nem por meios indiretos, feita com todos os controles e cautelas de um experimento científico, que possa garantir a existência de tal tipo de coisa, adicionado ao fato de que crer no que quer que seja, sem indícios fortes de sua existência é um despropósito, concluo que a suposição da existência da alma é inteiramente falsa.

Em consequência o espiritismo não tem fundamento nenhum.

Ask me anything (pergunte-me o que quiser)

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