Quando se diz que algo "é" está se dando alguma característica que lhe seja essencial, isto é, sem a qual ele deixa de ser aquilo que é. Nem tudo é bem caracterizado, de forma que se possa dizer o que é. Por exemplo, consideremos a mente. Ela não é material e, de certa forma, nem deixa de ser. Não é material porque um cérebro recém morto preserva toda a sua estrutura intacta, mas a mente já não está nele. Não deixa de ser material porque sem o substrato material não existe mente. O que é ela, então? Eu diria que é uma "ocorrência" advinda da estrutura e do funcionamento do cérebro. Mas não é uma entidade substancial, isto é, algo que seja composto por um certo conteúdo de que seja feito. Nem mesmo espírito, já que isto não existe. A mente está numa espécie de limbo ontológico, desde que já não se considera que exista alma e que as concepções puramente materialistas não dão conta de explicar a totalidade dos fenômenos psíquicos.
Outro conceito nebuloso é o de "vida". A vida não é simplesmente um fenômeno químico, uma vez que ainda não se conseguiu produzir vida biológica sem que se parta de um sistema que já seja vivo. Por outro lado também não é um fenômeno espiritual, uma vez que não se consegue detectar nada desse tipo em nenhum experimento controlado. Toda vida existente hoje proveio de outra vida pré-existente. Mas houve uma primeira vida, que proveio de um sistema que não era vivo. A ignição da vida a partir da não vida ainda não é explicada. O apelo para a interveniência divina é um atalho simplista demais. Mesmo que seja verdadeiro, há que se investigar como poderia ter se dado. Além disso, seria possível que um artefato pudesse ser construído e dotado de "vida", mesmo não biológica? O que seria então "vida"? Um virus é um ser vivo, mesmo quando em estado cristalizado latente? E um príon? Uma molécula de DNA é viva? A vida é e não é quase tudo o que se diz que ela é.
Consideremos outra questão. O que é o Universo? Se dissermos que é o conjunto de tudo o que existe, existiu e existirá e se considerarmos que Deus é algo que existe, Deus faz parte do Universo. Mas se ele for o criador do Universo teria que existir antes que o Universo existisse. A não ser que o Universo sempre tenha existido. Então Deus não seria o seu criador. Poderia ser ele mesmo. Estas considerações dão suporte ao Panteísmo e ao Panenteísmo. Os conceitos de Deus e de Universo são problemáticos. Que atributos são essenciais a Deus? Teria ele, caso existisse, algum atributo não essencial? A bondade certamente que não é, pois é incompatível com a onipotência e quer me parecer que a onipotência é essencial para Deus.
Ainda para pensar: O homem é um animal racional. É mesmo?
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quinta-feira, 14 de abril de 2011
"[...] é possível que algo nem seja nem não seja." Uuuuu, os pós-modernos adoram isso. Pode dar exemplo de algo que seja e não seja?
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