domingo, 10 de abril de 2011

PROFESSOR EU TE MOSTRO O MAPA DO INFERNO MAS O SENHOR ENXERGA O SER HUMANO COM ÓCULOS COR DE ROSA...ACHO QUE A VIDA FOI MUITO BELA E COMPLACENTE COM O SENHOR...

Nem tanto. Comecei a trabalhar com 18 anos para pagar minha faculdade, pois meu pai e minha mãe, funcionários públicos, não tinham condições nem de me manter em Belo Horizonte para fazer Física na UFMG, nem de pagar a mensalidade da UNIPAC de Barbacena, que é particular. Assim eu paguei e fiz Matemática. Desde o primeiro ano que passei em um concurso para lecionar na EPCAR. Ao formar, em 1971, fui contratado pela UFSJ e, em 1974, pela UFJF. Em 1976, passei para a UFV como professor do curso de Física e em 1979 saí para fazer mestrado em Cosmologia, no CBPF, no Rio. Ao voltar, fundei o Bacharelado em Física na UFV, fui seu coordenador, Chefe do Departamento de Física, Coordenador do Vestibular, Pró-Reitor de Ensino, Assessor do Reitor e Chefe de Gabinete do Reitor. Sempre sem deixar de lecionar, às vezes quatro disciplinas diferentes por semestre, pois eu era o único que podia lecionar Física Quântica, Relatividade, Eletromagnetismo e Métodos Matemáticos. Depois contratarm outros. Me aposentei em 1976 e fui contratado como Vice-diretor do Colégio Anglo, onde estou até agora. Todavia não fiz fortuna nem tenho bens, pois sempre assumi o sustento de muita gente, chegando até a 13 pessoas e 5 cachorros, que moravam em 3 casas de 2 cidades. Só consegui montar minha biblioteca, que doarei ao povo na forma de uma ONG. Felizmente, apesar de sempre ter trabalhado muito, não tive grandes reveses, exceto muitas dívidas, que vou pagando uma atrás da outra. Mas em minha juventude eu trabalhei com minha mãe em assistência social nos bairros pobres de Barbacena e cheguei a conhecer a condição daquele pessoal. Minha mãe trabalhava no Juizado de Menores, no Centro de Triagem de menores infratores, para mandá-los para a FEBEM ou de volta para casa. Então ela tinha que ir nas casas e eu a levava. Ela fundou um "Clube de Engraxates", no tempo em que se engraxavam sapatos, para evitar que os meninos passassem para o crime ou usassem drogas. Tem uma placa em homenagem a ela na praça do centro de Barbacena. Ela nunca aceitou ingerência de políticos nem de padres e pastores, que só queriam se valer do trabalho dela para se promoverem. Mas ela fazia tudo calada e não aparecia. Só os meninos pobres é que a adoravam. Mas ela era brava e xingava os meninos, os pais, as mães e até o Juiz. Todo mundo tinha que andar na linha. Meu pai era rotariano e ela quis ver se as esposas dos rotarianos ajudavam a costurar uniformes para os meninos ou no trabalho de faxina da sede ou indo nas casas ensinar as mães a cuidar dos bebês. Que nada! Elas só queriam aparecer nas festas beneficentes. Trabalho duro, "Tô fora". Meu pai e o pai dele eram anarquistas e me ensinaram a não chamar ninguém de senhor, só de você. Para mim todos são iguais e merecem o mesmo respeito, seja o dono no colégio em que trabalho, seja a faxineira. Vivo bem assim e tenho a mente em paz.

Ask me anything (pergunte-me o que quiser)

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails