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segunda-feira, 15 de outubro de 2012
É possível viver sem depender do Estado?
Sim, naturalmente. O problema é que o Estado não vai deixar. Mas você pode, perfeitamente, ser marginal, não no sentido de criminoso, mas no de estar à margem dos procedimentos estatais. Trabalhar por conta própria, sem patrão nem carteira assinada. Não pagar imposto nenhum, não ter certidão de nascimento nem carteira de identidade. Tem gente assim e não são poucos, especialmente no meio rural. Vivem em suas casinhas, plantam as suas rocinhas, comem, dormem, têm filhos e não são cidadãos. Mesmo nas cidades é possível e nem precisa ser pobre. Pode ser, inclusive, bem rico. Tem mendigos muito ricos. Moram em favelas e vivem totalmente à margem do estado. Claro que não podem ter conta no banco, fazer empréstimos, financiamentos e nada disso. Mas isso não é necessário para a vida. Uma vida honesta pode ser vivida desse modo. Inclusive sendo uma pessoa bondosa, nobre, estimada e respeitada. Se todo mundo resolver agir assim, o estado desaparece espontaneamente. Os bancos fecham por falta de clientes. O capitalismo desmorona. Seria uma beleza.
Tenho conta em banco porque meu salário é depositado lá. Mas não uso cheques. Tiro o dinheiro e pago em espécie, à moda antiquada. Gostaria de trabalhar de graça, mas é que os outros não me dão casa e comida de graça. No entanto nunca fiz poupança e não tenho aplicação.
Nem casa eu tenho. Só um carro velho e livros, discos, revistas, vídeos. Isso eu tenho vários milhares. Não deixo herança nenhuma em bens materiais. Gasto tudo o que ganho.
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