sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Caro Ernesto, estou lendo “Um universo que veio do nada”, Lawrence Krauss. Sou leitor de Stephen Hawking, Brian Greene etc., e para mim é meio “chover no molhado” sobre coisas que já sei. Mas parece que a ideia geral é assumir a irreversibilidade de descobertas da ciência...‎

... e conviver com isso, como com a inexistência de um deus. Não lhe parece que certas descobertas já estão bem definidas e não voltam atrás?
Coincidentemente também estou lendo o mesmo livro, só que em inglês. A ciência progride tanto pela confirmação das explicações quanto pela revisão e pela substituição por outras novas. Isso depende de cada caso. Nada é garantido definitivamente, mas permanece enquanto os fatos não contrariarem. Em ciência há as descobertas, mas o mais importante são as explicações. Se descobre a ocorrência de algum fenômeno, mas isso só passa a pertencer ao domínio da ciência no momento em que se insere em um esquema mais amplo de modelamento da realidade e uma explicação, mesmo que provisória, seja dada a ele. Ou que, pelo menos, uma linha de pesquisa seja inaugurada para obter uma explicação. É o caso do surgimento do Universo, que o Krauss pretende mostrar que não proveio de coisa alguma. Mas, pelo que estou percebendo (já li 60% do livro) o que ele considera é que o conteúdo do Universo proveio do vácuo. Mas vácuo é alguma coisa e não nada. Nada não possui sequer espaço vazio. Para mim o surgimento do vácuo é que foi o surgimento do Universo e não o surgimento do conteúdo atual de campos quantificados ou não em matéria e radiação. Mas ainda não acabei o livro. Outro interessante sobre o tema é "Nothingness", de Henning Genz (que já comprei mas ainda não li). Assim o que a ciência estabelece pode ser revertido, mas nunca com o retorno à situação anterior e sim com a substituição por uma nova explicação mais aderente à realidade dos fatos.

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