Realmente, toda afirmação científica é uma descrição do comportamento da natureza com base em um esquema teórico que propicia um modelo descritivo. Se o modelo for capaz de predições de fato verificadas na realidade natural, ele é satisfatório, mas isto não significa que a natureza age como o modelo diz. Outros modelos poderiam ser elaborados e descrever tão bem quanto. Por exemplo, há muitos fenômenos que são tão bem descritos pela Mecânica Newtoniana quanto pela Relatividade Geral, mas alguns só pela Relatividade Geral, que, portanto, é considerada mais correta, sendo a teoria newtoniana da gravitação um caso particular, válida em certos domínios de campo fraco e baixas velocidades. Este é o caso da queda dos corpos. Considerar que ela é provocada pela atração gravitacional das massas é uma descrição. Outra é que ela é um movimento geodésico (inercial) em um espaço tempo curvo, em que a gravitação não é uma interação e o campo gravitacional não é um campo de força. Ambas dão resultados preditivos idênticos nos domínios de validade em que possuem intercessão. Só que a matemática da Relatividade Geral é muito mais complicada. Então se usa a gravitação newtoniana, inclusive para lançar foguetes e satélites que vão pousar num lugar determinado em uma lua de Saturno, por exemplo. Mas há casos em que só a relatividade dá a previsão correta, como para a precessão do periélio de Mercúrio, o desvio da luz em torno do Sol, identificado em eclipses, o fenômeno de acreção de matéria por buracos negros, o das lentes gravitacionais quem mostram imagens multiplicadas de um mesmo objeto astronômico muito distante, bem como a taxa da expansão do Universo. Quanto à concepção de Dennett sobre a realidade da consciência, há controvérsias, mas a discussão não é simples.
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