Não foi isso que eu disse, mas que você tem que examinar as possibilidades de ação, refletir e escolher. Ou mesmo de adesão a um corpo de interpretações da realidade que será a sua cosmovisão. Isto engloba crenças religiosas, posturas políticas, concepções filosóficas e tudo o que consistirá em no arcabouço de noções e valores que formará a teia de suporte de sua ação no mundo. Mas essas escolhas não são necessariamente "a verdade". Se você for uma pessoa de boas intenções você escolherá aquilo que considera que seja a verdade. Ou seja, será a sua verdade subjetiva, à qual você será fiel. A não ser que você seja um crápula. Mas a verdade objetiva, isto é, o que, de fato, a realidade seja, pode ser outra coisa. Muitas vezes nem se tem como saber. Dizer que o Sol gira em torno da Terra não é mentira, se a pessoa se colocar no referencial da Terra e fizer apenas uma descrição cinemática. Ao passar para a descrição dinâmica é que ela verá que essa descrição não permite explicar o movimento dos dois. As explicações científicas pretendem ser verdadeiras, mas sempre são feitas com base em algum paradigma teórico que dá suporte ao modelo descritivo adotado. Isto também é válido para explicações concernentes à vida comum. O que é preciso, e isto a educação precisa prover, é instrumentar as pessoas para terem uma mente aberta para a aceitação de paradigmas alternativos e traquejo mental para raciocinar neles. Muita gente, por exemplo, que acredita em Deus, não é capaz de pensar condicionalmente em como tudo se daria "se" Deus não existisse. Ou vice-versa com quem não acredita em Deus. Por isso a filosofia é mais importante do que tudo dentre as disciplinas do currículo escolar. Mas não para se ter conhecimento da história da Filosofia, mas para se saber filosofar.
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