quarta-feira, 28 de setembro de 2011

É lógico que a causa do decaimento radioativo é o desequilíbrio do núcleo do átomo. Se você quiser chamar isso de "condição", do as you wish, mas vai ser uma causa (eficiente!) aristotélica como todas as outras.

Isso é que é um jogo de palavras. Chamar condição de causa eficiente. Causa é só quando é determinante. Este é o significado da palavra. Não importa o que disse Aristóteles ou Tomás de Aquino. Um grande problema na Filosofia é esse de ficar citando fulano ou beltrano. Isso não importa. O que importa é o que está sendo dito. É muito importante ler tudo o que os filósofos disseram, mas é preciso, a partir daí, peneirar tudo e fazer uma síntese atualizada em face dos novos conhecimentos proporcionados pela ciência. A filosofia precisa se libertar das "escolas de pensamento", das opiniões divergentes e chegar a um consenso na comunidade, inclusive quanto ao significado dos termos. Devia haver uma IUP (International Union of Philosophy), como há a IUPAP e a IUPAC da Física e da Química, para definir os termos utilizados. Dicionários como o Lalande e o Abbagnano citam inúmeras definições para o mesmo verbete, dependendo da escola. Isso poderia ser um apanhado histórico mas, no fim, seria preciso ter o conceito estabelecido convencionalmente de modo universal, até que se modifique numa conferência internacional. O fato é que ter condição atendida não provoca a ocorrência que poderá se dar fortuitamente e isso é o que eu chamo de evento incausado. Poderia se argumentar, como Deleuse, que filosofar é construir conceitos. Não é. Isto é só o começo da conversa. Uma vez estabelecidos os conceitos, que são arbitrários, mas têm que ser consensuais na comunidade, filosofar é descobrir as relações entre o que esses conceitos se referem guardam entre si na realidade.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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