A simplicidade não é um valor absoluto, em si. O que eu busco, em primeiro lugar, é a verdade. Se a verdade for complexa, que se tenha a complexidade. Em geral as coisas não são simples e, quase sempre, a simplificação conduz a resultados ruins. Todavia, em todos os casos, sempre que se apresentar alternativas igualmente válidas e eficazes, prefiro a mais simples. Note que também não valorizo a eficiência em relação à eficácia. Eficaz é um processo que produz um resultado, pelo menos, muito bom, de preferência ótimo ou excelente. Eficiente é um processo que economiza recursos, em geral de tempo, pessoal e dinheiro. A eficácia é mais importante do que a eficiência, mas entre alternativas igualmente eficazes, prefiro a mais eficiente. Priorizar a eficiência é desrespeitar quem for tirar proveito daquele processo ou produto.
Outra coisa, que pode também estar incluída em sua pergunta, é a respeito da simplicidade de conduta social e pessoal. Neste caso sim, valorizo a simplicidade, desde que não signifique transigir com a verdade. O oposto seria o pernosticismo, isto é, uma presunção e uma afetação de pretensa superioridade pedante. Tal comportamento vaidoso e exibido revela, em geral, exatamente a insegurança em sua própria capacidade, cultura e sabedoria. Quem verdadeiramente é uma pessoa segura de seu saber e de suas qualidades, não se preocupa em exibi-las nem, principalmente, em menosprezar os outros por não serem igualmente valorosos. Isto é modéstia e simplicidade, valores que muito prezo. Mas não é uma humildade servil, que rebaixa suas qualidades para parecer menos gabaritado do que é. Isto é uma espécie de soberba invertida. A pessoa se gaba de não ser nada. O comportamento mais digno e nobre é o assertivo, isto é, cada um reconhecer-se tal como é, nem mais nem menos, de forma sincera e sem se gabar, mas também sem negar.
O terceiro aspecto da simplicidade que quero comentar é quanto ao modo de se exprimir e expressar. O tipo de linguagem que usa, bem como o modo de agir, gesticular, comportar-se em público e coisas assim. Muito bem. Não acho que seja bom exibir sua cultura usando um linguajar empolado para humilhar os ignorantes. Mas também não acho que se deva rebaixar e usar um linguajar rasteiro ou, até, chulo. "In medio stat virtus", já dando uma de pedante. Depende da audiência. O mesmo se aplica ao comportamento gestual e até aos trajes que se veste. Pessoalmente me sinto mais a vontade de paletó e gravata. É um hábito que adquiri, mesmo não sendo de mim exigido. Nunca uso camiseta de malha, especialmente se tiver algo escrito. Nem tênis, só sapato fechado. Bermuda, só na praia ou em um clube esportivo. Acho ridículo alguns professores do colégio que comparecem a reuniões de chinelo, bermuda e camiseta cavada. No máximo uma camisa polo. Mas as pessoas que me conhecem não me acham afetado. De fato sou uma pessoa um tanto quanto formal, mas não vejo que sou afetado, porque sou muito acessível e cordial.
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terça-feira, 20 de setembro de 2011
Você busca a simplicidade?
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