domingo, 23 de outubro de 2011

O senhor concorda quando dizem que esta é a juventude mais sem graça, insossa e apática dos últimos 50 anos?

Sim, concordo. Sou saudosista mesmo dos anos 60 e 70 do século passado em que a juventude, de que eu participava, arregaçava as mangas e se embrenhava em lutas idealistas pelo bem do povo, com o risco até da própria vida. Tudo o que se tem como normal atualmente foi fruto daquele luta pela derrubada do autoritarismo, das certezas inquestionáveis, da moralidade hipócrita, do conformismo servil das massas aos projetos das elites plutocratas, respaldado pelas baionetas e tanques das forças armadas a serviço de interesses alheios aos legítimos do povo. Não digo que muitos que lutavam do lado do povo contra a opressão também não se aproveitaram para locupletarem-se e desonrarem os ideais mais nobres, como hoje que a esquerda alcançou o poder, muitos agem exatamente do modo como antes condenavam na direita. Vejo a juventude atual extremamente pragmatista e eu tenho asco de pragmatismo. Além disso, quase todos nem sequer batalham por seus interesses pragmáticos, de tanta lassidão e apatia. A maioria quer continuar a viver das benesses dos pais até a velhice. Que pena eu tenho de ver esses jovens de olhares mortiços, sem aquele brilho esfuziante de uma espada de aço e sem a ternura pelos desvalidos e o coração desprendido e generoso para com o outro, qualquer que seja ele. Quão longe de Lancelot ou de um Rolando estão os jovens de hoje. Aos 62 anos, sinto-me como "El ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha", brandindo minha lança contra moinhos de vento, mas, como diz a canção de Chico Buarque, em emu sonho impossivel, quero beijar o inacessivel chão.

http://www.youtube.com/watch?v=agXqzYVEeGM

Play

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails