sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Se a essência de tudo, está mais na disposição do que na substância, imagino que o universo, ao se analisar profundamente, seja puramente informação organizada, assim como um programa de computador, que é só uma sequencia complexa de 0 e 1, faz sentido?

Não. Só em parte. A essência não está só na forma, mas na forma, na substância e na dinâmica, isto é, no modo de evolução da substância e da forma. E a forma, já que estamos no espaço-tempo, não é apenas a estrutura, mas o conjunto histórico de estruturas interligadas no tempo, isto é, as ocorrências. A dinâmica é o conjunto de regras que faz uma ocorrência evoluir (ocorrência é um conjunto de eventos interligados). Um programa de computador é uma informação organizada, seja digital ou de outra forma. Mas ela só tem sentido sendo realizada em algum substrato real, seja natural (matéria, campos e radiação), seja social ou cultural. É como uma música. A música não é a partitura nem o seu registro em alguma mídia, mas a ocorrência de sua execução e audição, seja por executantes ao vivo, seja por reprodução de alguma gravação ou geração de sons sintetizados. Enquanto o som não estiver audível, a música não está acontecendo. A essência, portanto, é a realidade em sua totalidade e não apenas uma representação dela. Um romance, por exemplo, não são as letras impressas no livro, mas a ocorrência de estarem sendo lidas e entendidas por um leitor consciente. Ou ouvidas, a partir de alguma leitura em voz alta.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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