Instintivamente o indivíduo é egoísta para garantir a sobrevivência e, como isso, poder perpetuar a espécie. Mas o altruísmo atua para poder garantir a sobrevivência da prole. As duas pulsões existem. Outra é a de pretender garantir a sobrevivência da sua própria linhagem e não da espécie em geral. Isso também leva à competição. O anarquismo, sendo altruísta, é um comportamento racional e não instintivo, produto do fato do ser humano poder agir em função de suas reflexões e não apenas de suas pulsões básicas. O anarquísmo é a quintessência da civilização, da vitória da razão sobre o instinto, da cultura sobre a barbárie. O anarquismo é uma sofisticação social e ética muito elevada e tem muito a ver com os ideais religiosos de santidade, presentes no hinduísmo, no budismo e no cristianismo primitivo. O anarquista, de fato, é um santo, sem religião. Fazer o mundo anarquista é, antes de tudo, tornar todos os homens virtuosos. Esse é um ideal filosófico antigo. As comunidades filosóficas sempre foram comunitaristas e altruístas. Ele vai muito além do ideal platônico de que o mundo seja governado por filósofos. Ele pretende que o mundo seja todo habitado por filósofos. É o ideal de fazer toda pessoa detentora de um nível elevado de conhecimento e cultura. O ideal mesmo é que TODOS tenham nível superior de educação e que o nível sócio-econômico-cultural seja equivalente para todos os adultos do mundo inteiro. Por isso que digo que é um projeto a ser concretizado daqui a várias centenas ou até milhares de anos. Mas temos que lutar para chegar lá desde agora, especialmente divulgando o que seja, para que as pessoas nutram o desejo de que o mundo seja assim.
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