terça-feira, 19 de novembro de 2013

Ainda sobre a fé.‎ Ernesto von Rückert

Fé é uma espécie de crença. Crença é a aceitação de afirmações sem evidências ou provas, mas com indícios de plausibilidade e aceitação de sua rejeição face a revelação de novos fatos que a contradigam. Além de sempre admitir um ceticismo. Fé é uma crença sem indícios de validade, com base em sentimentos e na vontade. E a fé é convicta, não admite dúvidas. Claro que sentimentos têm tanto peso quanto a razão, na tomada de decisões. Mas a fé, como a esperança, são atitudes insustentáveis. O que é válido é a confiança, que é uma crença bem alicerçada em fortes indícios de validade. Não é, contudo, um conhecimento certo. Mas não é, também, uma mera opinião. Por exemplo, eu tenho confiança de que existe um mundo objetivo fora de minha mente, sem ter certeza disso. É o que eu chamo de convicção esclarecida. Certeza não existe, ou, pelo menos, é extremamente difícil de se ter. A fé pretende dar uma certeza sem base de apoio. Acho que a fé, como a esperança, são grandes defeitos e não virtudes.

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