A existência ou não de Deus, realmente, não é uma questão lógica, epistemológica nem ontológica e sim uma questão metafísica fenomenológica. A lógica apenas garantiria a validade do raciocínio que fosse usado para prová-la, mas não garante a veracidade da conclusão. Pode-se fazer uso da lógica para mostrar que muitos argumentos que pretendem provar a existência de Deus são falhos. Outros são lógicos, mas não concluem, pois se baseiam em premissas não verdadeiras, como o cosmológico. A questão epistemológica se coloca apenas na constatação de que a existência de Deus não é uma evidência, requerendo, pois, uma prova. Também se aplica ao argumento de que a fé não é garantia de sua existência, pois não é um critério de verdade. A ontologia pode ser invocada para conferir se o conceito de Deus, como um ser onipotente, onisciente, onipresente, sobrenatural e bom é algo coerente ou incoerente e pode-se mostrar que a reunião de todos esses atributos em uma única entidade não é possível. Todavia, o ponto central da discussão é metafísico e fenomenológico. Metafísico, uma vez que trata da possibilidade da existência de uma entidade não pertencente à natureza, mas que também não seria meramente uma abstração. Fenomenológico porque pretende considerar a existência real de tal entidade como uma ocorrência do mundo, entendido como um conceito mais abrangente do que o de Universo, uma vez que este seria puramente físico, enquanto mundo poderia incluir a realidade sobrenatural, caso exista. Assim, o fato da existência de Deus não ser uma decorrência lógica não exclui a necessidade de sua verificação factual, mesmo que de forma indireta, uma vez que não existem evidências diretas dela. Assim, para aceitar tal existência seria necessário provar, o que faz uso da lógica, mas a veracidade da prova se prenderia, mais do que na validade do raciocínio, na veracidade das premissas nas quais ele teria que se fundamentar. Até o momento não existem provas incontestes de tal assertiva, pois as premissas em que elas se fundamentam não se verificam. Depois poderei analisar uma por uma cada prova proposta para a existência de Deus. Uma coisa, porém, é certa: acreditar que ele exista não é garantia nenhuma de que exista.
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