sábado, 2 de julho de 2011

Professor, então, o que seria realidade? Seria possível então existir uma interpretação da realidade que fosse absoluta? Ou isso é um sonho impossível?

A realidade é o que o mundo é, em si mesmo, independente do sujeito observador. Sua apreensão não é possível, pois apenas temos acesso ao que nossos sentidos nos revelam, naquilo que eles são afetados por ela. Todavia, pelo uso de instrumentos auxiliares e pelo cotejo de informações de diversas fontes, usando a razão, podemos fazer uma descrição plausível da realidade e, com isso, nos aproximarmos da verdade, que é a adequação entre a realidade e sua descrição. A verdade pode ser subjetiva ou objetiva. A subjetiva é aquela que cada sujeito considera como a realidade se adequa ao que ele percebe que ela seja. Mentira é a falta de atendimento à verdade subjetiva de cada um. A verdade objetiva é a que não depende do sujeito e pode ser obtida pelo cotejo entre muitas verdades subjetivas. Nem sempre uma pessoa que não mente diz a verdade, objetivamente falando, pois sua verdade subjetiva pode não estar de acordo com a objetiva, por falha de percepção. Quanto à verdade absoluta, seria o caso em que a verdade objetiva coincidisse com a realidade em si mesma. Isto nunca se pode garantir. O que se tem são aproximações cada vez maiores da verdade objetiva à verdade absoluta, que não se conhece. A finalidade da ciência é, justamente, promover essa aproximação cada vez maior. Mas o que ela tem é a verdade objetiva e não a absoluta. A verdade absoluta é, pois, um sonho que nunca se pode ter certeza de se ter atingido, mesmo que já se o tenha. Por isso o ceticismo metodológico é a atitude mais consistente na investigação da verdade, pois, uma vez que duvida de que se a possua, envida esforços para alcançá-la.

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