domingo, 26 de junho de 2011

Professor, o que diria para alguém que tem câncer e precisa de uma palavra amiga?

Primeiro que ter câncer não é uma condenação à morte. O câncer pode ser curado, em muitos casos. Segundo que, mesmo que não tenha cura, saber que se vai morrer não é desesperador, pois isso acontecerá como todo mundo. A questão é, enquanto se está vivo, fazer da vida algo significativo em termos de realização, especialmente em benefício da humanidade e da natureza. Se se vive a vida de modo que o mundo vá ficando melhor por isso, então se é uma pessoa realizada e se pode morrer satisfeito pela vida que se teve. Não acho que se deva evitar falar da morte com ninguém, mas a abordagem tem que ser feito partindo do significado da vida. O legado que se deixa, não só para a família (e nisso o mais importante não é a herança pecuniária, mas o exemplo de vida), mas para o mundo, é o maior galardão que toda pessoa pode orgulhar-se de possuir. Se a pessoa, contudo, for um crápula irrecuperável, então é melhor que morra logo mesmo, para que o mundo se livre dela. Mas, quem sabe, saber que se vai morrer em breve, não promova uma recuperação e a pessoa ainda possa se redimir de suas maldades.O que não se pode é iludir a pessoa com a possibilidade da sobrevivência de sua alma, o que é algo inteiramente não garantido. Aliás, ter a consciência de que, com a morte, se acaba inteiramente e não se vai para céu, inferno ou purgatório nenhum, para mim, é, inclusive, muito mais confortador.

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