Não acho que ter fé em qualquer coisa seja algo bom para se ficar feliz com isso. Porque fé é uma crença sem fundamento. Crenças não é possível evitar, mas que se baseiem em bons indícios de credibilidade, mesmo que não se possa comprová-las. Acreditar na bondade da humanidade seria uma crença fundamentada ou meramente uma fé? Há que se verificar. O caráter justo e bondoso ou malvado e desonesto de uma pessoa pode provir de uma propensão genética, da criação ou de ambos. A existência de genes do mal foi considerada por Barbara Oakley em seu livro "Evil Genes", que está em minha fila de espera para leitura. O que percebo é que, de modo geral, a maioria das pessoas é boa. Mesmo que se venha a provar que a maldade tenha origem genética, não acho que um programa eugênico para extirpá-la da humanidade, como a castração de crianças malvadas para que não se reproduzam, seja eticamente aceitável. Não tenho dados estatísticos de nenhum levantamento extenso que correlacione bondade e maldade com a criação das crianças pelos pais e, na verdade, nem sei como poderia ser feito, mas acho que seria possível fazer. Portanto, no meu caso, a consideração de que seja possível transformar a maior parte da humanidade em pessoas bondosas é, de fato, uma fé. Só que isto não me deixa feliz, pois gostaria de acreditar com bons fundamentos. É o que ando investigando. Por ora, em que pesem os questionamentos do meu perguntador Hans, continuo com essa fé. Assim proponho que o sistema educacional, inclua formalmente no currículo das escolas, a educação do caráter, para a formação de pessoas de bem, sinceras, honestas, justas, solidárias, colaboradoras, corteses, cordiais, educadas, gentís, generosas, desprendidas, diligentes, laboriosas, responsáveis, leais, além de estudiosas, inteligentes, curiosas, inventivas, expeditas, capazes, hábeis, lúcidas, reflexivas, cultas, contestadoras, de iniciativa (e finiciativa), bem como fortes, saudáveis, ágeis, espertas e possuidoras de todas as qualidades e virtudes de uma pessoa íntegra, nobre e honrada. Isto tem que perpassar a ministração de todas as disciplinas, pelo discurso e pelo exemplo dos professores, bem como fazer parte de uma disciplina específica, como a antiga "Educação Moral e Cívica", certamente expurgada dos vícios da época do regime militar. Assim educados para a vida, os jovens estão preparados para aceitar as propostas anarquistas, que requerem pessoas desse jaez.
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