domingo, 3 de julho de 2011

Professor, o que pensa a respeito do conceito junguiano dos arquétipos e egrégoras?

Tenho para mim que o inconsciente coletivo, os arquétipos psicológicos e as egrégoras, simplesmente, não existem. Essas concepções junguianas se fundamentam em uma abordagem, eu diria mesmo, mística, do psiquismo, que não encontra suporte na realidade. Não há como nenhuma ocorrência experimentada pela humanidade, mesmo que ao longo de milhares de anos, possa ser incorporada à carga genética que é transmitida ao recém-nascido. Os instintos são formados, ao longo da cadeia evolutiva, por alterações aleatórias nos genes, que são transmitidas e preservadas pela seleção natural. Nenhuma experiência adquirida em vida é geneticamente transmitida, por mais reforçada que seja. Pode-se cortar a cauda de milhares de gerações de ratos que os novos ratinhos nascerão sempre com cauda. Em suma: não existe inconsciente coletivo. Quanto aos arquétipos, como fazem parte do conceito de inconsciente coletivo, como sendo os padrões de comportamentos a que a pessoa se veria induzida inconscientemente a imitar, não existem como algo inato. Mas tais modelos podem ser inculcados na mente por aprendizado, especialmente se forem associados a situações traumáticas. Finalmente, as egrégoras são noções completamente desprovidas de sentido. Seriam elas uma espécie de espírito coletivo que emergiria de uma coletividade de pessoas, sendo formado pela "energia" que delas emanaria quando reunidas para algum propósito, como os fiéis em uma igreja, os médicos, enfermeiros e doentes em um hospital, os torcedores em um estádio, os sócios de um clube ou coisa semelhante. Ora, isto advém de uma noção errônea do conceito de energia. O máximo que a energia de uma reunião de pessoas pode fazer é aquecer o ambiente. Energia não é uma entidade. O Universo não é feito de matéria e energia e sim de matéria, radiação e campos. Essas é que são entidades e elas podem possuir ou não energia, como um atributo, como massa, carga, localização, extensão, movimento, rotação, vibração ou outros. Não existe "energia pura", que não seja a propriedade de um sistema composto de matéria, radiação ou campos. Quando uma partícula de matéria se aniquila com a sua correspondente de antimatéria, o par não se transforma em energia, mas em fótons, que carreiam a energia correspondente à massa das partículas, de acordo com a equação E=mc² . Não se pode, pois, dizer que um espírito seja feito de energia, nem uma egrégora. A substância de que os espíritos são feitos (caso existam, é claro) seria uma outra espécie de substância, que não matéria nem radiação nem campos de interação. Isto se considerarmos os espíritos como entidades da natureza, como o quer o espiritismo, mas não como o concebem as religiões cristãs e muçulmanas. Ainda não tenho conhecimento de nenhuma comprovação cabal, inequívoca e independente de crença de que existam espíritos de qualquer espécie.

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