terça-feira, 19 de novembro de 2013

O que o senhor acha do argumento cosmológico de Kalam?‎

Completamente falacioso. O que ele afirma é que o tempo não poderia ser eterno para o passado, pois assim, não teria havido tempo para se vir desde o início dos tempos até hoje, e, então, hoje não existiria. Como estamos aqui, o tempo não pode ser infinito para o passado. A falácia consiste em conceber um tempo infinito para o passado como uma semi-reta com origem infinitamente deslocada para o passado. Não é isso. Um tempo infinito para o passado é um tempo que não teve origem. Qualquer momento teria um que lhe antecederia. Então não há uma origem dos tempos em momento nenhum, nem infinitamente deslocada para o passado. Mas se pode conceber uma origem móvel como sendo o momento atual, sempre avançando para o futuro. Então não há impedimento lógico para haver uma infinidade de momentos passados, já que não houve um que fosse o começo. Isso, portanto, não inviabiliza a existência do presente. Todavia, o fato de o argumento Kalam não ser válido não implica que, de fato, o tempo não tenha tido um início. A questão não é mais lógica, mas fenomenológica. Ao que tudo indica, com boa confiabilidade, é que houve, pelo menos até onde seja capaz de se observar, um momento inicial dos tempos, já que tudo começou a se expandir em um dado momento. Se o conteúdo do Universo já existisse antes da expansão, de forma imutável, o tempo não passaria.

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