terça-feira, 19 de novembro de 2013

Se uma mãe ama igualmente seus filhos, por que existe tanta dúvida no fato de que uma pessoa possa amar duas (ou mais) em uma relação poliamorosa? Amor é amor. Acredita que os padrões impostos pelas religiões tenham peso nessa dificuldade de aceitação do poliamor?

Sim, pois muitas pessoas ainda acham que se não se comportarem de acordo com as prescrições de sua religião, suas almas serão condenadas à danação eterna. E as religiões estabeleceram suas regras de gamia em atendimento às estruturas sociais que pretendem garantir a propriedade restrita a um núcleo familiar mononuclear, por razões econômicas. A monogamia e a poliginia, que são as únicas aceitas religiosamente, dependendo da religião (islamismo e judaísmo antigo, bem como religiões tribais de alguns lugares aceitam a poliginia), são concepções patriarcais que apareceram desde que o homem descobriu que é por causa do sexo que nascem os bebês. A poliandria é aceita na Africa, no norte da Índia e na Mongólia, mas está se restringindo. Com a emancipação feminina, não faz mais sentido nenhum casamento para efeito de subsistência, de modo que as razões econômicas para a monogamia não mais existem. Então, a aceitação do fato de que a pluralidade amorosa é normal em nossa espécie, inclusive frequente, mesmo quando impedida de se expressar, deve ser adotada e estabelecida como uma possibilidade normal, em ambos os sentidos, separadamente ou em conjunto, tanto nos relacionamentos não formalizados como nos legalmente formalizados. Isso não se constitui, absolutamente, em libertinagem e nem em devassidão, como pensam alguns (não estou fazendo nenhum juízo de valor, mas uma constatação).

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