sexta-feira, 11 de julho de 2014

Como seriam essas doações? Seria um grande mercado que você leva o que produz e tira o que precisa? Isso me parece absurdo. Não é uma simples mudança de cultura ou realidade. É querer ignorar a natureza humana e reconstruir um Novo Homem. "vamos tirar a preguiça e adicionar amor puro".‎

Exatamente. É isso mesmo. Construir um novo homem. Um ser virtuoso, sem preguiça e sem cobiça. Mas isso é que é a evolução social da humanidade. Nossa espécie só tem 200 mil anos de idade e uma expectativa de mais de uma dezena de milhões de anos pala frente. Pelo que se tem visto nos últimos milênios, ela está evoluindo a passos largos para uma sociedade muito melhor e a expectativa de se alcançar um mundo sem crimes, sem desonestidade, pacífico, harmônico, aprazível, feliz, igualitário não é nada utópica. É uma possibilidade real que pode ser alcançada até em menos tempos do que alguns milênios por um esforço consciente nesse sentido. Um esforço que uma educação para a anarquia pode prover. É a substituição do egoísmo pelo altruísmo. Você não é assim? Eu sou assim. Todo mundo pode ser assim. Exatamente o que você disse. Haverá depósitos, como se fossem lojas, em que os produtores deixam os produtos e os consumidores pegam. Sem envolvimento de dinheiro. Mas a sociedade não é individualista. É coletivista. Não há residências monofamiliares. Aliás, nem existem famílias. As habitações são coletivas. Todas as crianças são filhas de todos os adultos. Todos os adultos são pais de todas as crianças. Todas as mulheres são mulheres de todos os homens e todos os homens são maridos de todas as mulheres (que quiserem, é claro). Tudo é de todo mundo e nada é de ninguém. Isso é a anarquia comunista. O suprassumo da civilização, da ordem, da harmonia. Pois nada é imposto. Não há estados, países, governos, políticos, juízes, leis, exércitos, polícia, prisões. Porque não há guerras, não há crimes. Mas isso não pode ser imposto. A polícia tem que acabar por falta do que fazer ao longo de décadas. As prisões vão se fechar por falta de presos. Não haverá mais advogados nem juízes por falta de serviço para eles. Nem bancários, contadores, despachantes. Não é preciso haver documento de identidade nem certidões da nada. Não há propriedade. Não existem empregados e nem patrões. Todos trabalham para o bem comum organizados por meio de comissões "ad hoc" para cada empreendimento, como a construção de um espaçoporto, ou o que seja. Certas profissões podem ser abolidas, como as de faxineiro, lixeiro e outras do tipo. Isso seria feito por todos, em rodízio. Penso em escrever um romance sobre um mundo assim. É a forma mais didática de o apresentar. Já leu "Os Despossuídos" de Ursula K. Le Guin?

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