sexta-feira, 11 de julho de 2014

não seria mais plausivel considerar que uma entidade de inteligência superior criou o vácuo ao invés de que o mesmo tenha surgido do nada?‎

Claro que não. Supor uma entidade extrínseca ao Universo é uma extravagância muito maior do que supor um surgimento sem ter do que provir. Note que o vácuo não surgiu "do nada" e sim "de nada", o que é inteiramente diferente. Surgir "do nada" significa que havia algo, "o nada" do qual surgiu o vácuo, por uma transformação. Surgir "de nada" significa que não havia coisa alguma que tenha se transformado no vácuo. A questão principal, todavia, não é essa. É se tal surgimento teve uma causa ou não. Tanto quem considera que tenha tido ou que não tenha, só pode considerar que tenha surgido "de nada". Se tivesse tido uma causa, seria preciso um agente provocador dessa causa. Então seria preciso que houvesse algo, e os que consideram que tenha havido uma causa costumam considerar que esse agente seja Deus. Ora, se Deus existia e o Universo, por definição, é o conjunto de tudo o que existe, existiu e existirá, o Universo já existia, sendo constituído por Deus. Então ele não foi criado. Para considerar que ele não existia desde sempre há que se considerar que tenha surgido, sem ter do que provir, sem ter causa e nem propósito. A consideração de que Deus seja algo extrínseco ao Universo é problemática porque o Universo abrange tudo. Além do mais, um Deus não pertencente ao Universo não pode estar dentro do espaço e nem do tempo. Considerar uma ação de tal coisa sobre o Universo é mais esdrúxulo do que considerar que tudo tenha surgido sem causa. Inclusive porque causa não é uma exigência para a ocorrência de eventos, de forma necessária. Há os que tenham e os que não tenham causa. Supor a existência de Deus é muito menos plausível do que supor um surgimento incausado. Em ambos os casos, contudo, seja um surgimento fortuito, seja uma criação, isso se deu a partir "de nada".

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