sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Professor, chegar na conclusão de que o comportamento das partículas elementares é incausado, de certa forma, é inevitável? Pois, se for aferir causa a todo evento, chegaria em ponto infinito, onde nunca acabaria o n° de causas, a não ser que se chegasse em algum ciclo causal?‎

Realmente, se causa for uma necessidade, a série de eventos teria que ser infinita para o passado. E as observações mostram que o Universo teve um surgimento. Há quem diga que haveria uma causa primeira que não teria causa e só ela. Não acho válido tal suposição. Ou causa é uma necessidade ou não é e, assim sendo, não seria para qualquer evento. Por outro lado, há miríades de ocorrências cotidianas que não exibem causa detectável. Não vejo razão para supor que tenha que haver causa, mas ela está oculta. A necessidade de causa não se configura em nada que tenha que ser considerado necessário. Para mim causa é uma constatação a posteriori para alguns eventos, mesmo que a maior parte dos eventos macroscópicos a exiba. Mas não os microscópicos. Ao se passar do nível microscópico para o macroscópico, uma análise probabilística mostra que a composição de eventos microscópicos que leva a um evento macroscópico concentra a probabilidade de tal forma que dá a impressão de que haja uma relação causal e determinística entre os eventos macroscópicos. Por exemplo. a emissão de um fóton por um átomo excitado não tem causa. Mas a emissão de fótons por setilhões de átomos excitados (o filamento de uma lâmpada) já pode ser considerada um evento causado pela passagem da corrente elétrica que promove a excitação. No caso de um átomo só a excitação não é causa, é condição.

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