sexta-feira, 13 de março de 2015

Professor, como você explicaria a atual dificuldade das pessoas aceitarem, até mesmo para alguns físicos, o indeterminismo e a incausalidade? E também que o nosso livre-arbítrio é fruto disso?‎

Acontece que o senso comum mostra que os eventos macroscópicos cotidianos são efeitos de causas e essas causas determinam os efeitos. Isso pode criar uma convicção profunda de que causa seja uma necessidade para todo evento e de que as causas, em idênticas circunstâncias, determinam o efeito. Todavia tal conclusão é indutiva, isto é, proveniente de uma generalização de observações de casos particulares. Nenhuma conclusão induzida, contudo, é garantida. Um único contra exemplo a derruba. E, com o surgimento da observação de eventos sub-atômicos e a Física Quântica, miríades de contra exemplos, isto é, eventos sem causa e causas que não determinam seus efeitos passaram a ser observados. Pessoas que possuíam a convicção arraigada de que isso não poderia acontecer, então, passaram a inventar explicações mirabolantes para evitar a incausalidade e o indeterminismo, como a proposta da "Teoria das Variáveis Ocultas", ou a dos "Muitos Mundos". Nenhuma dessas é convincente, além de extremamente complexas. Admitir a incausalidade e o indeterminismo é muito mais simples e dá conta de explicar tudo. O que acontece no mundo macroscópico é um fenômeno estatístico de concentração da probabilidade, que leva à aparência de causalidade e determinismo. Não que não existam eventos causados e nem causas deterministas. O que acontece é só que isso não é obrigatório.

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