sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ernesto, a verdadeira humildade consiste em ser livre de toda consciência do eu, o que implica ser livre da própria consciência da humildade. O homem de fato humilde ignora a sua humildade.

É verdade. Muitos consideram que humildade seja uma atitude de rebaixamento, de inferiorização em relação aos demais. Esse tipo de humildade não é uma virtude. Só é virtude a humildade que seja o reconhecimento da verdade. Isto é, que cada um se aceite como é, rejeitando, certamente aquilo em si que for ruim e acolhendo o que for bom, inclusive buscando acrescentar o que mais de bom puder ainda e, assertivamente, assumir-se tal como é, sem se gabar, sem se jactar, mas também sem se rebaixar e sem se desprezar. Nesse sentido eu não acho muito interessante se livrar da consciência de si, mas, ao contrário, tê-la bem nítida na mente, isto é, conhecer-se a si mesmo o mais completamente possível e concordar com o que vê de bom em si, aceitando, ao mesmo tempo que rejeita o que vê de mau em si e busca corrigir, sem também se fustigar em opróbrios, mas reconhecendo o mal em si, envidar esforços sinceros para subjugá-lo, inclusive com o reconhecimento da necessidade de pedir ajuda. Não simpatizo muito com essa concepção de se livrar da consciência de si, mas sim de, tendo a plana consciência de si, lutar consigo mesmo para corrigir o que não for correto a aprimorar o que já for correto, com total assertividade, isto é, reconhecimento verdadeiro de como se é, sem se gabar nem se rebaixar. Com modéstia. Isso pode ser chamado de humildade, desde que se entende que não se trata de nenhuma inferiorização. Então quem assim é humilde, vive com serenidade sem se preocupar se é ou não é humilde.

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