domingo, 10 de janeiro de 2016

Mas Ernesto, que controle temos na tomada de decisão se ela é tomada de forma inconsciente? Refletir de forma deliberada antes de tomar uma decisão, ainda vai ter alguma influência prática? No final, qual controle temos sem nossa consciência?

A consciência é só a exposição do processamento mental para que se tenha conhecimento do que ocorre. A grande maior parte de todo o processamento mental é inconsciente. Mesmo a parte relativa ao processamento cognitivo, sentimental, emotivo, intencional, pulsivo e volitivo e não apenas a parte somática automática. O inconsciente trabalha sobre os dados disponíveis adquiridos, consciente e inconscientemente, por meio dos sentidos e como resultado das elaborações internas da mente sobre eles. Portanto as decisões inconscientes são decisões inteiramente pessoais. E o inconsciente sempre está interagindo com o que se processa conscientemente na mente. Ailás, o processamento mental é sempre o mesmo. O fato de ser ou não consciente é um aspecto secundário. A reflexão consciente sempre está acompanhada de um imenso volume de reflexões paralelas inconscientes que ora afloram à consciência. Sempre é bom, para se tomar alguma decisão, pensar conscientemente sobre o assunto e depois deixar o inconsciente trabalhar sobre o tema, durante o sono, para, daí, ele levar à consciência uma conclusão muito mais ponderada do que a que se consegue fazer apenas conscientemente. A decisão é tomada pela mente com a contribuição do processamento consciente e inconsciente. Mas o inconsciente é sempre muito mais volumoso. Você pergunta que controle temos sobre nossa consciência. Ora, o que somos é fruto de nossa genética, sobre a qual não temos controle; das interações que tivemos a vida toda com o ambiente que nos certa, que também não temos muito controle e daquilo que processamos internamente em nosso cérebro. Essa parte, mesmo que contenha uma grande parte não consciente, é a nossa contribuição para o nosso modo de ser. É o nosso controle sobre a nossa consciência. O fato de que parte do que pensamos seja produzido inconscientemente não significa que não seja produto nosso. Nós não somos apenas a nossa consciência. Somos a consciência e o inconsciente, bem como as ligações que temos com nosso entorno.

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