domingo, 10 de janeiro de 2016

Se o fisicalismo é verdadeiro, então a própria razão não seria impossível? Se os processos mentais nada mais são do que reações químicas no cérebro, então não há razão para acreditar que qualquer coisa seja verdadeira ? Os elementos químicos não podem avaliar se uma teoria é falsa ou não.

Nada disso. Raciocínios, memorização, emoções e todos os fatos do psiquismo se reduzem à anatomia e à fisiologia dos sistemas nervoso e endócrino (especialmente do cérebro). Por sua vez, isto se reduz à bioquímica molecular dos neurônios, células gliais e células glandulares. Que, então, se reduzem a interações elétricas entre os átomos das moléculas, que advém das interações entre as sub-partículas elementares (quarks, glúons, léptons, fótons, W e Z), que podem ser o resultado de modos de vibrações das supercordas. Mas isso não significa que pensamentos e sentimentos SEJAM reações químicas. São ocorrências de outra ordem, que decorrem da extrema complexidade desses sistemas. Mas essa complexidade não é irredutível. É redutível sim. Só que esse reducionismo não é LINEAR. Isso é que faz a diferença. A não linearidade do reducionismo é que leva ao que é chamado de "emergência" e de "holismo". Ela significa que o todo não é só a SOMA das partes, mas emerge das partes com contribuições aditivas, multiplicativas, potenciais, exponenciais, retroalimentadas, seriais. Em verdade é um verdadeiro "funcional" e não só uma "função". Quer dizer, não é uma contribuição puramente algébrica, mas envolve análise e relações transcendentes ( no sentido matemático ). No modelamento da inteligência artificial para sistemas robóticos, os cientistas de computação, em parceria com neurocientistas, estão revelando toda essa complexidade do processamento mental. Em outra palavras, não se requer contribuição de nenhuma natureza não física para explicar todo o psiquismo. Por outro lado, quem defenda a dualidade físico-espiritual da mente, não provê a menor explicação para o funcionamento dessa interação e nem tem programa nenhum de investigação dos processos físico-espirituais que realizem qualquer ocorrência psíquica. Não vejo porque o fato do funcionamento mental ser puramente físico leve a concluir que não exista razão e nem que nada possa ser verdade. Por que não? O cérebro, fisicamente, funciona por inversão da polarização das membranas celulares dos neurônios, o que pode ser fisicamente propagado por axônios e dendritos e quimicamente transmitido de uns a outros, procedendo os registros das memórias episódicas, conceituais e procedurais. O problema da verdade se resume na verificação se as informações levadas pelos sentidos ao que está registrado nas memórias coincidam ou não com o que já existe lá. Então se pode dar uma resposta confirmativa ou não, bem como, e quiser, mentir. Mas, internamente, o sujeito tem o conhecimento da veracidade ou não do caso. Pelo menos com respeito ao que ele conhece e seus sentidos lhe informam. Claro que ele pode ter um conhecimento errôneo, bem como seus sentidos se enganarem nas informações.

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