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domingo, 10 de janeiro de 2016
Seus pais eram cristãos?
Sim, católicos, mas não rígidos. Eles admitiam a validade de qualquer outra crença e, mesmo, da descrença. Eram tolerantes e não tinham nenhum preconceito em relação a outras religiões ou confissões cristãs. Nisso discordavam dos padres. Minha mãe até tinha entrado no noviciado para se tornar freira, mas saiu porque viu que elas não faziam nada de caridade e eram cheias de frescuras. Minha mãe queria era subir às favelas e cuidar da saúde e da educação daquele povo sofrido (ela morava no Rio). Fazer um serviço de assistência social. Não havia droga naquela época (década de 40 do século passado), mas havia prostituição e jogo. E ela não tinha nenhuma frescura. Depois de casada, em Barbacena, ela e meu pai faziam muitas obras de caridade e assistência social, mas sem aparecer e sem se associar a nenhuma igreja, clube ou instituição. Continuavam católicos, mas não eram de ir à missa muito não. Meu pai até era amigo de alguns padres, mas discutia religião com eles, pois era bem filosófico, além de professor de história. E minha mãe tinha um espírito muito científico, pois adorava química e biologia e admitia a evolução das espécies. E, até, ajudava prostitutas a deixarem essa vida, arranjando emprego para elas e, mesmo, cuidando das crianças delas para que pudessem trabalhar. Minha casa vivia cheia de gente que meus pais ajudavam e iam comer lá. Até dormir, quando doentes, inclusive em minha cama.
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