sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A ideia de livre arbítrio e de um Deus onisciente não entram em contradição uma com a outra? Se desde sempre Deus já sabia que em determinado momento eu faria x, eu tenho escolha em não fazer x? Se tudo já é previamente conhecido, como tudo poderia ser outra coisa? 15/02/2016

Exatamente. São contraditórias. Aliás se se considera que há livre arbítrio, não se pode considerar que haja algum Deus onisciente. Todavia pode não haver nem livre arbítrio nem Deus onisciente. A melhor solução para esse impasse é a consideração de que Deus é apenas um conceito inventado, sem existência real. A suposição de que exista algum Deus, não só com onisciência, mas com onipotência e onibenevolência, acarreta uma série de dificuldades intransponíveis, que eu não sei como é que pessoas inteligentes, como Tomás de Aquino, não se declararam logo ateus. Não consigo entender que alguém que estude teologia a sério não se torne ateu. Pessoas, como o ex-papa Ratzinger, só poderiam ser atéias. Até mesmo o atual e vários outros. E os grandes ditos "Padres da Igreja", bem como pensadores do tipo de Lutero e Calvino. Não é possível que eles não tenham concluído pela completa sensatez e pertinência do ateísmo. Ou Spinoza e Voltaire. O que será que os fez ainda supor a existência de algum Deus? Será o medo de estar enganado e ganhar a danação eterna, como Pascal, o Borra-Botas? Ou o medo de que o povo os condenasse à morte?

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